Jornal Correio Braziliense

Economia

África Subsaariana deverá crescer 5% este ano, prevê FMI

Maputo (Moçambique) ; A economia da África Subsaariana deve crescer 5% este ano e 5,5% no ano que vem. A previsão consta do documento 2010 Regional Economic Outlook: Sub-Saharan Africa, divulgado nesta segunda-feira (25/10) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). No início do ano, a estimativa era que o crescimento em 2011 pudesse alcançar 5,9%.

Mesmo assim, o resultado foi comemorado pela diretora do Departamento de África do FMI, Antoinette Monsio Sayeh, ex-ministra das Finanças da Libéria. ;A superação regional deve muito às políticas econômicas sólidas implementadas antes e durante a crise global. Permitiram que as autoridades usassem mecanismos fiscais e monetários para minimizar os efeitos adversos da mudança brusca no comércio internacional, preços e fluxos financeiros;, disse ela.

Antes da crise, a região mais pobre do mundo vinha crescendo entre 6% e 6,5% ao ano. No ano passado, a taxa não passou de 2,5%. A África Subsariana tem cerca de 500 milhões habitantes (10% da população do planeta), que vivem nos 47 países ao sul do Deserto do Saara.

De acordo com a diretora do FMI, a demanda doméstica da África Subsaariana deve continuar firme neste ano e no próximo. E as exportações devem se beneficiar do crescimento dos negócios com a Ásia. Sayeh ressalvou que a crise deixou um ;legado de desemprego elevado;, além da deterioração do equilíbrio fiscal, especialmente nos países exportadores de petróleo. ;Por causa da natureza frágil da recuperação global, os riscos seguem pesados;.

Ela recomenda que políticas fiscais expansionistas sejam temperadas para assegurar que as finanças públicas voltem ao caminho sustentável, com dívidas manejáveis. Para combater a crise, alguns países cortaram as taxas de juros e elevaram o gasto público.

As cinco maiores economias africanas - África do Sul, Nigéria, Angola, Etiópia e Quênia - devem crescer dentro da média esperada para o subcontinente este ano. A maior, a sul-africana, foi uma das que mais sentiram os efeitos da crise mundial. Perdeu cerca de um milhão de empregos em 2009 e entrou em recessão. Angola desacelerou de 13% de crescimento em 2008 para menos de 1% no ano passado.

Mas o FMI projeta para este ano crescimento acima da média em alguns países: Congo (10,6%), Botsuana (8,4%), Etiópia, (8%), Nigéria (7,4%), Zâmbia (6,6%), Tanzânia (6,5%) Libéria (6,3%), Moçambique (6,5%), Malaui (6%), Angola (5,9%), Zimbábue (5,9%), Uganda (5,8%), Lesoto (5,6%), Ruanda (5,4%), Congo (5,4%) e Mali (5,1%).

Para os demais países lusófonos, o FMI antecipa ganhos na massa da economia para São Tomé e Príncipe (4,5%), Cabo Verde (4,1%) e Guiné Bissau (3,5%).

Já o Norte da África, região chamada de Magreb (Mauritânia, Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia), que cresceu 2,4% em 2009, deve encerrar 2010 com ganhos de 5% no produto.