Jornal Correio Braziliense

Economia

Ajudado por aumento do IOF, dólar sobe 0,77% e fecha em R$ 1,709

O dólar tomou mais um fôlego por conta da expectativa de que o governo volte a impor novas medidas para conter a excessiva valorização do real. No início da manhã, chegou a registrar queda, mas reagiu ao longo do dia e encerrou o pregão com alta de 0,77%, cotado a R$ 1,709. Ajudado pela decisão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que elevou a alíquota do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), de 4% para 6%, o preço da moeda subiu 2,58% na semana, maior alta desde junho. No mês, o dólar registra ganho de 1%. No extremo oposto, a Bolsa de Valores de São Paulo lutou para manter os 70 mil pontos, reduziu os ganhos, passou para o campo negativo e o Ibovespa, índice mais negociado, acabou por fechar em queda de 0,18%, nos 69.529 pontos. ;Além do temor de novas e bruscas mudanças desse governo que não sabe se casa, ou compra uma bicicleta, os investidores também aproveitaram o preço baixo de alguns papéis, foram às compras e, agora, se voltam à reunião dos ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais do G-20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo);, disse um analista. Decepção Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones fechou em queda de 0,13%, devido à decepção com alguns resultados corporativos. Na Europa, o mercado seguiu a mesma tendência. A Bolsa de Londres perdeu 0,29%. A de Frankfurt caiu 0,08%, e a de Paris, 0,25%. Na Ásia, as bolsas tiveram movimentos diferenciados. A praça de Tóquio encerrou o dia em alta de 0,5%, a de Hong Kong caiu 0,6% e a de Xangai declinou 0,03%. Em Seul, onde os representantes do G-20 se encontram, a alta foi de 1,21%. A instabilidade em torno do mundo poderá aumentar nesta semana. Os olhos se voltam para os Estados Unidos, onde haverá um afrouxamento da política monetária. ;Esses movimentos devem ser observados. Todo mundo está esperando que os EUA despejem uma enxurrada de dólares no globo. Aí é que vamos ter clareza do que vai acontecer;, destacou Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da Corretora Souza Barros. Até 8 bilhões de barris [FOTO2]A Petrobras concluiu a perfuração do nono poço na área de Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos, e comprovou o potencial, anteriormente anunciado, de extração de óleo leve e de gás natural recuperável, de entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris. O comunicado da Petrobras foi interpretado pelo mercado como uma tentativa de injetar otimismo nos investidores, desanimados com a queda de preço das ações após o processo de capitalização. ;A boa novidade é que a estatal continua confiante, mas o ideal seria se conseguisse resultados acima dos esperado;, disse Mônica Araújo, estrategista-chefe da Ativa Corretora. ;Cinco bilhões de barris é uma quantidade significativa, tendo em vista que o total de reservas do país está entre 13 a 14 bilhões de barris. A notícia, para quem não é especialista, pode criar uma expectativa positiva, em um momento em que as ações não andam bem;, destacou Walter de Vito, especialista em petróleo da consultoria Tendências. Mas, para ele, persistem as dúvidas quanto às dimensões do pré-sal. Financiamento O analista lembrou que, no início, a projeção era de 30 bilhões de barris e agora já se fala em 100 bilhões. O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse que a companhia vai precisar contrair novas dívidas para explorar o pré-sal. ;Não teremos problema de financiamento;, afirmou. Para o investidor, nada mudará até o segundo turno das eleições. Com base em estudos dos gráficos, o economista Pedro Azzam, da Ativa Corretora, sinalizou que, até o fim do mês, as ações preferenciais (com prioridade no recebimento de dividendos) devem cair ainda 5% e, até que tenha força para subir, podem chegar ao piso de R$ 23. Nos cálculos de Azzam, quem comprou o papel no período da oferta pública, em setembro, a R$ 26,30, vai experimentar uma perda acumulada próxima de 12,5% até 31 de outubro. A partir desse momento, se o cenário internacional colaborar, a tendência é de bons ganhos. (VB) Bom valor comercial A área do poço de Tupi, a cerca de 290 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, tem excelente valor comercial, e os dados a esse respeito serão divulgados em 31 de dezembro, garantiu ontem a Petrobras. A espessura do reservatório com óleo chega a cerca de 128 metros, ;o que reduz as incertezas das estimativas de volume;, assinalou o comunicado. Nessa área específica do pré-sal, a estatal tem 65% de participação. O BG Group entra com 25% e a Galp Energia, com 10%. A notícia, porém, não animou os investidores. Ontem, a ação preferencial subiu 0,21%, mas despenca 34,53% no acumulado do ano. Os papéis ordinárias (com direito a voto) recuperaram 0,26%, mas, no ano, ainda apresenta perdas de 32,55%. Nesse cenário, é possível que, na próxima etapa de distribuição de dividendos, as bonificações fiquem abaixo das expectativas, porque a perspectiva de algum retorno do pré-sal para a estatal são a partir de 2015. ;O retorno do pré-sal é de longo prazo;, orientou o analista Pedro Azzam, da Ativa Corretora. (VB)