Tóquio (Japão) ; O mercado de automóveis no Brasil pulou de 1,6 milhão de unidades, em 2004, para 3,4 milhões este ano. As montadoras vendiam, àquela época, apenas 12 mil utilitários esportivos, os chamados SUVs. Hoje, entregam 130 mil ; um aumento de 900%. A maioria, crossovers compactos. De olho de nesse segmento, a Mitsubishi Motors começa a pôr nas 140 concessionárias do Brasil, a partir do mês que vem, o ASX, o primeiro jipe 4x2 da grife a ser vendido por aqui.
Ele, que virá do Japão e tem tudo para ser líder do segmento, vai ocupar o espaço entre o TR4 e o Outlander 2.4 ; e custará entre R$ 80 mil (4x2 com câmbio manual) e R$ 100 mil (4x4 com câmbio automático). A Mitsubishi está há 20 anos no país, de forma independente: o grupo brasileiro que a comanda não tem capital japonês, apenas licença para fabricar produtos da marca, a primeira a oferecer aos brasileiros veículos fora de estrada.
Crossover é a denominação dada aos carros que têm maior altura, inconscientemente dando status e ;segurança; ao condutor nas esburacadas e violentas ruas das nossas metrópoles, vocação estradeira (no caso do ASX, há a opção 4x4) e conforto de automóvel. E ele, que entra no portfólio da montadora exatamente com esse objetivo, cumpre a missão.
É o veículo de ;trabalho; da nova era da Mitsubishi, que não pretende mais ser conhecida por só fabricar off-road e quer enfrentar sucessos de público como o ix35, da Hyundai. O carro estará no Salão de São Paulo, que começa na próxima semana. A expectativa é vender 700 unidades/mês ; pelo menos 5% para os mercados de Goiânia e do Distrito Federal.
O ASX pesa apenas 1.345kg (65kg mais com o sistema 4x4) e é o menor da categoria, resultando numa relação peso-potência de 8,4kg/cv por cavalo. Só para se ter uma ideia, o Honda CR-V EXL tem uma relação peso-potência de 13,73kg/cv (150cv / 2.060kg).
Como vem ocorrendo com frequência na indústria automobilística, há um elevado uso de alumínio e chapas de aço delgado. O motor, 2.0 de 16 válvulas, gasolina, desenvolve 160 cavalos. Some-se a isso um torque de 20,1kgfm. Esse conjunto resulta num carro de desempenho bem satisfatório.
Segurança e beleza
O Correio o avaliou na pista de testes da Mitsubishi na ilha de Hokkaido, extremo norte japonês. E constatou, por exemplo, que ele acelera a contento e tem retomadas muitas boas, transmitindo uma sensação de segurança pouco comum em carros do porte. Ele também mostrou-se estável em velocidades mais elevadas. A máxima é de 200km/h. Faz de 0 a 100km em 9,6s. O consumo está dentro dos padrões: 9,0km/l em trechos urbanos e 12,4km/l em estradas. A autonomia é de 740km.
A empresa vai pôr à disposição do consumidor brasileiro três versões. A primeira, mais simples, é equipada com câmbio manual e apenas tração dianteira ; e não é a preferida do público, aposta a própria Mitsubishi. Venderá apenas 10%. A intermediária vem com câmbio automático (CVT de seis marchas, com comandos por borboletas no volante) e será responsável por 40% da comercialização. A configurada com câmbio automático e com 4x4 ficará com 50%.
Em relação aos itens de conforto, segurança e beleza, o ASX traz tudo que se espera de um carro de tal porte de posicionamento e de preço. Detalhes como ar-condicionado, vidros, retrovisores e travas elétricos, airbag duplo, freio a disco nas quatro rodas com ABS e EBD e direção elétrica são de série para todas as configurações. A top de linha tem nove airbags, sendo um para os joelhos do motorista ; além de controle de estabilidade. O carro tem um sistema inteligente de auxílio para arrancadas em subidas. Há dois opcionais: um belo teto de vidro, quase integral, e faróis de xenon.
Internamente, vale a pena destacar a boa qualidade de acabamento. Os materiais usados, inclusive os plásticos, são, digamos assim, suaves, gostosos de se tocar.
Quanto ao visual, o ASX mantém as características da família Mitsubishi, com foco na sobriedade das linhas. Mas, como se pode ver nas fotos nesta página, elas são bem mais ousadas do que as do Outlander.