Jornal Correio Braziliense

Economia

Setores de saúde e construção querem ampliar participação dos funcionários

Como a crise econômica internacional nem sequer fez cócegas em setores como o de saúde e construção no Brasil, os ganhos adicionais que serão repassados aos funcionários em 2010 já partem do crescimento apurado sobre uma base generosa verificada no ano passado. O Sabin, que destinou R$ 5 milhões para distribuir entre os funcionários em razão do desempenho positivo de 2009, este ano vai pagar de 26% a 28% além deste montante. A maior parcela ; 65% ; foi adiantada para os funcionários na última semana. A política de valorização vem surtindo o efeito desejado: garantiu à companhia uma rotatividade no quadro de empregados de apenas 1%.

Assim como o laboratório, a EBM Incorporações espera em 2010 dobrar a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) em relação ao ano passado. ;As vendas estão muito aquecidas;, justifica o gerente regional no Centro-Oeste da empresa, Fábio Teles. Já na Brookfield, o pagamento da PLR em 2009 superou em 25% as expectativas da construtora cujo objetivo agora é, no mínimo, manter esta performance.

Apesar da expectativa promissora para os ganhos extras em 2010, a situação internacional adversa fez com que muitas empresas passassem a adotar políticas mais cautelosas para pagamento de bônus desde 2008. Levantamento da consultoria Hay Group, no entanto, mostra que em outros países até mesmo as empresas que tiveram bons desempenhos foram mais comedidas na hora de dividir o bolo no ano passado. Os Incentivos de Curto Prazo (ICP) ; que incluem o pagamento de PLR ; referentes ao desempenho de 2007 foram, em média, equivalentes a 7,7 salários. Em 2008, apesar dos resultados ruins no último trimestre do ano, a quantia subiu para 8,6 salários, mas na gratificação referente à 2009, ano que amargou os efeitos negativos da crise, houve uma queda para 7,5 salários.

Rendimento
O curioso em relação à queda observada no ano passado é que, apesar de as vendas terem caído 10%, o lucro das empresas cresceu 19,7%, conforme observa o gerente de informações de remuneração da Hay Group, Olavo Chiaradia. Uma possível interpretação para os dados é a de que as empresas atentaram mais para o controle de custos, diminuindo a PLR. Ao observar, contudo, um comparativo entre o ICP pago no Brasil com as principais economias do mundo, Chiaradia aponta outra análise cabível: enquanto aqui o ICP alvo ; aquele que seria pago considerando-se um nível de vendas idêntico às metas estabelecidas ; representou 53% da renda dos executivos, na média internacional, esse valor cai para a faixa dos 35%.

Apesar da diferença neste indicador apresentada pelo Brasil em relação a outros países, a tendência é de que as empresas nacionais também passem a se preocupar em oferecer mais Incentivos de Longo Prazo (ILP), como participação em ações, em vez de pagar os ganhos somente em forma de bônus. ;Enquanto o Incentivo de Curto Prazo caiu em 2009, o ILP cresceu significativamente no mesmo período. Isso indica que pode estar havendo uma migração das empresas brasileiras para uma modalidade mais sustentável. Só será possível dizer se isso é uma tendência com a observação dos números que virão em 2011;, analisa o gerente da Hay Group.