Para dar mais competitividade ao crossover Journey, a Dodge trouxe do México outras duas versões que se juntam à SXT, até então a única opção comercializada no mercado brasileiro. Primeiro veio a opção R/T, que, ao contrário de outros modelos da marca, não tem caráter esportivo. Nesse caso, a sigla significa mais equipamentos (rodas de liga leve, teto solar elétrico, bancos com aquecimento, sistema de áudio com 30GB de memória, Bluetooth, comando de voz e controle para iPod) e acabamento refinado (maçanetas cromadas, rack de teto, revestimento em couro nos bancos e alavanca de câmbio). Depois, chegou a versão SE, de entrada, que perdeu alguns equipamentos, como a terceira fila de bancos e rodas de 19 polegadas, para atrair outra faixa de consumidores de crossovers, que preferem os concorrentes Chevrolet Captiva e Honda CR-V.
Geralmente, um dos pontos positivos dos modelos do Grupo Chrysler é o design, que é quase sempre inovador e distante do lugar comum. No caso do Journey, o que mais se destaca nas linhas é a imponência %u2014 ele não passa despercebido. Na frente, a tradicional grade em cruz, os faróis de duplo refletor de formato horizontalizado e o spoiler, que dá a aparência de um carro rebaixado, garantem um aspecto bem esportivo.
Na versão SE, as rodas são em aço e de 16 polegadas, mas as calotas têm desenho bonito, que imitam bem as de liga leve. De perfil, a linha de cintura alta e ascendente e os para-lamas salientes garantem um ar jovial. As linhas da traseira são mais recortadas, com destaque para as grandes lanternas e o defletor no alto da tampa do porta-malas.
Outro atrativo do Journey é o amplo espaço interno. A versão SE perdeu os dois bancos da terceira fila e transporta cinco pessoas (em vez de sete, das outras versões), mas com muito conforto. O banco traseiro acomoda três adultos sem se acotovelarem e com direito a esticar as pernas e a regular o encosto. O porta-malas também é bem espaçoso e leva até 758 litros, se o motorista enchê-lo do piso até o teto. Mas falta rede para pequenos objetos, embora haja compartimentos sob o piso. A capacidade do porta-malas ainda pode ser ampliada, pois o banco traseiro tem regulagem longitudinal. Infelizmente, o estepe fica do lado de fora, sob o assoalho, tornando a tarefa de troca bem suja e complicada.
O painel de instrumentos, que é dividido em três compartimentos quadrados, de fácil visualização, destoa do conjunto estilístico, parecendo ultrapassado, mesmo com a iluminação verde com efeito de profundidade. Ponto negativo: o extintor de incêndio fixado no chão incomoda o passageiro da frente.
Mesmo perdendo equipamentos, a versão SE tem, de série, muitos itens de conforto, como porta-luvas duplo refrigerado, uma quantidade bem razoável de porta-trecos (até no assoalho da segunda fileira de bancos e abaixo do assento do banco dianteiro), controle automático de velocidade, entre outros. O pacote de segurança também continua bem completo, com ABS, airbags, controles de tração e estabilidade e apoios de cabeça dianteiros ativos.
O motor V6, de 185cv de potência (comum a toda linha Journey vendida no Brasil), dá conta de empurrar esse crossover, que pesa quase duas toneladas (1.940kg). O câmbio automático de seis velocidades, com possibilidade de trocas manuais, também não ajuda, pois, embora proporcione mudanças suaves, não tem opção de troca esportiva. A suspensão tem bom equilíbrio entre conforto e estabilidade. Mas é bom destacar que o Journey é um carro voltado para o asfalto e na terra parece um peixe fora d;água, apesar de sua aparência sugerir o contrário.
Outro ponto negativo é o diâmetro de giro grande, que dificulta as manobras na cidade, principalmente para um carro que tem quase cinco metros de comprimento. Também falta sensor de obstáculo traseiro, já que a visibilidade nesse sentido não é das melhores.
O Journey é um carro para quem busca um espaço familiar, tanto para os ocupantes quanto para as bagagens. Mas com um razoável pacote de equipamentos de conforto e, principalmente, de segurança. Esse crossover é um carro bastante seguro. O que pesa contra é a falta de um desempenho mais esportivo, a pouca agilidade no trânsito urbano e o nível de acabamento, que poderia ser melhor num carro dessa categoria.