A paciência de clientes, funcionários e fornecedores da empresa de implantes dentários Imbra chegou ao fim. Frustradas com a falta de informações depois do pedido de falência da companhia odontológica, cerca de 30 pessoas ocuparam as instalações da filial em Brasília e só saíram de lá depois que a polícia chegou. Elas cobram salários atrasados, pagamentos por serviços prestados, prontuários e próteses para que possam dar continuidade aos tratamentos. Para arriar as portas, a Imbra, que foi comprada pelo grupo Arbeit por apenas US$ 1, alegou dívida de R$ 221,7 milhões no processo protocolado na última quarta-feira no Tribunal de Justiça de São Paulo.
Segundo informações da 2; Delegacia de Polícia (Asa Norte), agentes compareceram à sede da empresa depois que empregados denunciaram um possível tumulto, mas não encontraram nenhuma agitação. O grupo de insatisfeitos assegurou que encontrou as portas abertas e queria apenas explicações. As fichas médicas, os implantes, o material de trabalho e objetos pessoais dos dentistas estavam trancados na sala de raio x e no estoque. Após uma longa conversa, todos os envolvidos entraram em consenso e foi decido que o histórico e as próteses seriam entregues aos pacientes para que pudessem dar continuidade ao tratamento ; o que ocorreu ainda ontem.
Perdas
O empresário Milton Cândido da Silva, dono de um laboratório que prestava serviços à Imbra, estava há três meses sem receber pagamentos. Ele calculou que terá de arcar com prejuízo de R$ 200 mil. Sempre que tentava negociar a dívida, Silva recebia a resposta de que na semana seguinte o dinheiro seria depositado na conta bancária do laboratório. ;Estou emocionalmente abalado. Conversei com alguns advogados e eles me disseram que é uma causa muito difícil. Acho que não vou recorrer à Justiça porque os gastos serão enormes;, lamentou.
O sentimento de tristeza e revolta também tomou conta de Maria de Socorro Fernandes, que pagou R$ 15 mil por um tratamento que deveria ter acabado em junho. Maria receberia a prótese dentária na última quinta feira, mas, depois de telefonar para a empresa de odontologia, soube do fechamento. ;Fiz uma cirurgia em dezembro de 2009 e deveria estar com os implantes há mais de quatro meses. Vou recorrer à Justiça pelo meu direito;, disse.
Parte dos funcionários também tenta se organizar para processar a Imbra. O odontologista Aurélio Júnior trabalhava na firma há mais de dois anos e foi pego de surpresa com a decisão. ;De uma hora para outra a coisa aconteceu. As vendas estavam baixas, nossos salários estavam atrasados, mas nunca imaginei que isso fosse acontecer;, desabafou. Segundo o auxiliar de logística, Ivan Novais, o gerente regional da empresa não aparecia desde setembro e existia uma promessa de que o pagamento de outubro seria feito no primeiro dia útil do mês.
Novais soube da falência pela internet e quando chegou para trabalhar tentou, sem sucesso, ligar para a matriz em São Paulo. ;Meu e-mail parou de funcionar, o site saiu do ar e, agora, a coisa está feia.; O Correio tentou entrar em contato com o Grupo Arbeit, controlador da Imbra, até o fechamento desta edição, mas não obteve sucesso.
Franquias prorrogadas
O governo vai editar uma medida provisória com o objetivo de prorrogar até junho de 2011 os contratos dos franquiados dos Correios (ECT). A solução, proposta pelo ministro das Comunicações, José Artur Filardi, e pelo presidente da empresa, David José de Mattos, foi aprovada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em nota, o ministério afirmou que a ação visa garantir a normalidade dos serviços postais executados pelas agências franqueadas.
No mês passado, a Justiça Federal determinou que a estatal republicasse o edital de licitação para contratação das agências, interrompendo os contratos atuais, que terminariam em 10 de novembro. O modelo de franquias, introduzido nos anos 1990, é alvo de contestação do Tribunal de Contas da União (TCU). O órgão fiscalizador cobra a realização de concorrência pública. Hoje, existem 1.424 franquias no país, mas apenas 227 tiveram as licitações concluídas.
O ministério também informou que o superintentende-executivo, Fábio Vieira Cezar, deve ocupar a diretoria de Operações da companhia, vaga desde a demissão do coronel Eduardo Arthur Rodrigues da Silva. Ele é acusado de favorecer a empresa MTA, que tem ligações com Israel Guerra, filho da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra.