Jornal Correio Braziliense

Economia

Determinação da Justiça aumenta tensão e ameaça bancários

Banco Itaú consegue liminar impedindo manifestações de grevistas em frente às suas agências. Instituições dão sinais de divisão


A tensão entre bancários e patrões, que até o momento não chegaram a um acordo nas negociações salariais que resultaram em uma greve nacional, aumentou em Brasília. Dessa vez, o sindicato local acusa o Itaú de tentar enfraquecer o movimento por meio do pedido de prisão do presidente da entidade, Rodrigo Britto. O argumento do banco seria o de que os grevistas estariam impedindo os que não aderiram à paralisação de trabalhar, bem como a entrada de clientes. Segundo o sindicato, uma liminar judicial determina que, caso ocorra novo flagrante da ação dos bancários nas agências do Itaú, um mandado de prisão será emitido em nome de Britto e a organização terá de pagar multa diária de R$ 50 mil por agência fechada.

Procurado pelo Correio por meio da assessoria de imprensa, o Itaú não retornou as ligações até o fechamento desta edição. Rodrigo Britto afirmou que a recomendação de greve nas agências do Itaú continua de pé. ;Há anos os bancos usam esse argumento para enfraquecer a greve e forçar os bancários a trabalharem durante o movimento. Mas essa foi a primeira vez que a liminar previu a possibilidade de um mandado de prisão. Já entramos com recurso e tenho certeza que a liminar será derrubada;, disse. O sindicalista afirmou ainda que os bancários que atuam nas agências têm como objetivo meramente divulgar as reivindicações da categoria.

Apesar das acusações mútuas, as negociações serão retomadas hoje, às 11h, em São Paulo. De acordo com o balanço mais recente, 8.280 agências fecharam as portas em todo o país. A categoria reivindica reajuste de 11%, além de aumento do piso para R$ 2 mil e medidas de combate ao assédio moral. Já a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) admitiu a possibilidade de reajuste acima da inflação no período, de 4,29%, mas garantiu que não aceitará os 11%.

;Esperamos que a Fenaban apresente uma proposta global decente, que atenda às reivindicações da categoria em relação a remuneração, emprego, saúde e condições de trabalho e segurança;, disse Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf). As negociações começaram em agosto, mas, depois de cinco rodadas sem acordo, os bancários deflagraram greve há 11 dias. A única empresa que ofereceu uma contraproposta até o momento foi o Banco de Brasília (BRB). A oferta foi aceita e as agências do BRB funcionam normalmente.

Diante desse movimento do BRB, grevistas asseguram que a Fenaban estaria dividida internamente. O motivo seria a pressa das instituições públicas em chegar. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal têm sido os mais afetados pela greve, já que, ao contrário dos bancos privados, o medo do desemprego é menor entre servidores concursados. ;Recebemos muitas reclamações de grevistas que foram demitidos no Itaú e no Bradesco;, atacou o presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília. A Fenaban afirmou que os bancos continuam unidos e que qualquer afirmação sobre divisão dentro da entidade é falsa.

INDÚSTRIA CONTRATA
; O nível de ocupação na indústria cresceu pelo oitavo mês seguido, atingindo uma expansão de 3,2% no acumulado do ano. As altas sucessivas, entretanto, vêm de uma tendência de desaceleração nos últimos três meses, quando os crescimentos registrados foram de 0,5%, 0,3% e 0,1%, respectivamente. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando as fábricas ainda amargavam os efeitos da crise econômica, o resultado também é positivo: um incremento de 5,2% nos postos de trabalho. O número de horas pagas também cresceu: elevação de 6,4%. A folha de pagamento seguiu os bons números, com resultado 9% acima do verificado há 12 meses. O gerente da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário, André Macedo, explicou que os números expressivos são resultado da recuperação após a crise e da base de comparação fragilizada. (GHB)