Washington - A América Latina fez o dever de casa e permitiu a valorização suficiente das moedas para contribuir com o equilíbrio do crescimento mundial, declarou nesta sexta-feira (8/10) o economista chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a América Latina, Nicolás Eyzaguirre.
Utilizar outras medidas para segurar a excessiva valorização das moedas deve ser apenas uma decisão extraordinária, disse Eyzaguirre sobre o controle de fluxos externos adotado por países como o Brasil.
"A América Latina fez seu trabalho em termos de ajuda para restabelecer o equilíbrio da economia internacional", destacou Eyzaguirre em entrevista coletiva durante a reunião semestral do FMI.
"México e Brasil permitiram um grau significativo de valorização (de suas respectivas moedas). Isto lhes interessa, mas também é completamente coerente com a cooperação mundial".
Brasil viu uma valorização do real de mais de 35% desde 2009, e após endurecer certos controles na entrada de capitais estrangeiros para deter a especulação, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, falou em uma "guerra de moedas" em todo o mundo.
Esse grande fluxo de capital financeiro para a América Latina, que poderá somar US$ 91 bilhões este ano, quase quadriplicou o valor do ano anterior e "preocupa" a curto prazo, disse Eyzaguirre.
A longo prazo, a região pode absorver esse choque se mantiver o bom rumo macroeconômico atual, e também graças aos mercados internos, que podem importar mais, inclusive, destacou Eyzaguirre.
O diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, já advertiu que utilizar as moedas como "armas de guerra" não será positivo para ninguém em um contexto de recuperação ainda frágil.
Se a valorização ultrapassar um nível considerado suportável por um país, "ele deve utilizar todas as ferramentas disponíveis, começando por uma adequada mescla de políticas", explicou Eyzaguirre.
"Não temos problemas com um certo grau de intervenção, mas com a introdução de boas medidas macroeconômicas para prevenir excessos".
A América Latina crescerá 5,7% em 2010 segundo o FMI.
"O tema agora é saber como evitar um excesso de coisas boas", advertiu o economista. "A demanda deve ser moderada, já que o prosseguimento da expansão (atual) provocará um superaquecimento".