Milhares de pessoas saíram às ruas nesta quinta-feira (23/9) na França, pela segunda vez em menos de um mês, contra a reforma da aposentadoria do governo conservador do presidente Nicolas Sarkozy, mas em um número bem menor que há duas semanas.
Os sindicatos afirmam que "ganharam a aposta" de mobilizar a mesma quantidade de manifestantes que em 7 de setembro, quando 2,7 milhões de pessoas - 1,1 milhão segundo a polícia - saíram às ruas para denunciar uma reforma que aumentará de 60 a 62 anos a idade mínima para aposentadoria.
Ao mesmo tempo, admitiram que as greves nos transportes públicos, escolas e aeroportos registraram adesão inferior.
Já a presidência francesa fez questão de registrar o que chamou de "redução considerável" do número de grevistas, atribuindo o fato à maior adesão de franceses à reforma.
O projeto de lei, que também prevê o aumento de 65 a 67 anos da idade para obter aposentadoria completa, foi aprovada na semana passada pela maioria de direita na Câmara dos Deputados e começará a ser debatida no dia 5 de outubro no Senado.
No meio do dia, o ministério do Interior afirmou que 400.000 pessoas participavam nas manifestações em todo o país.
Em Paris, o número de participantes chegava a 300.000, segundo os sindicatos, e a 65.000 de acordo com a polícia. "A mobilização é do mesmo nível ou mais ampla que a de 7 de setembro", afirmou Jean Claude Mailly, secretário-geral da Força Operária (FO), terceiro maior sindicato da França, minutos antes da passeata que começou na Praça da Bastilha.
[SAIBAMAIS]A adesão da greve nos serviços ferroviários foi de 37%, segundo as autoridades, ou 49% segundo os sindicatos.
No metrô, a adesão foi de pelo menos 25%. Nos aeroportos, 50% dos voos foram cancelados em Orly e 40% no Charles de Gaulle, segundo a Direção Geral da Aviação Civil.
Na educação, o índice de adesão dos funcionários nas escolas primárias e secundárias varia entre 25%, segundo o ministério, e 45% a 55%, segundo os sindicatos.
A paralisação também teve grande nível de adesão nas seis refinarias da Total, de 50% a 80%, de acordo com a empresa francesa.
Os líderes sindicais encabeçam as dos colunas que partiram da Bastilha em direção ao sul do Paris, com uma faixa com a frase: "Aposentadoria, empregos, salários, estão em jogo".