Após o mercado de câmbio se agitar com a possibilidade de o governo comprar dólares utilizando o Fundo Soberano Brasileiro (FSB), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a afirmar ontem que o mecanismo está completamente pronto para ser utilizado e que a qualquer momento o Tesouro pode determinar sua atuação.
Indagado sobre a avaliação feita no mercado de que a permissão para operar via FSB foi dada como uma forma indireta de intimidar o mercado e evitar uma sobrevalorização do real ;no grito;, Mantega rebateu a argumentação. ;Falo e faço. Isso vocês têm visto, mas faço com prudência e quando é necessário. Durante a crise, tomamos várias medidas bastante ousadas e inéditas, mas nós tomamos. Isso não significa que vamos dar tiro de canhão em formiga ou coisa parecida;, afirmou.
De acordo com o ministro, as compras serão determinadas pela secretaria do Tesouro Nacional, responsável por gerenciar o fundo, mas serão realizadas pelo
Banco Central, no papel de operador. Os recursos, ilimitados segundo a decisão tomada pelo conselho deliberativo do FSB, deverão vir do caixa do Tesouro. ;Ninguém sabe exatamente quanto tem nesse caixa com exceção do próprio secretário do Tesouro Nacional (Arno Augustin), mas tem um caixa grande. Esse volume pode ser utilizado para essa finalidade;, disse. De acordo com Mantega, não há impacto no orçamento porque a operação consistirá em uma troca de moedas. ;Você não está fazendo nenhum gasto, só trocando uma moeda para outra. É uma fonte adicional de compra.;
Especulação
Apesar de abrir um novo canal pelo qual o governo pode influenciar a taxa de câmbio, utilizando a própria dinâmica do mercado, o ministro garantiu que a intenção não é controlar o dólar e sim evitar distorções de preço e movimentos de especulação. ;Às vezes o mercado quer tirar proveito de algumas situações ou há um movimento especulativo. Nesse mercado (de câmbio) a gente sempre tem que ficar de olho.
Como estamos com uma operação grande em curso (capitalização da Petrobras), que tende a atrair capital externo, temos que ficar mais alertas para impedir que haja mais excessos;, lembrou.
Mantega minimizou a própria declaração em seguida. ;Em matéria de câmbio, você não pode ser precipitado, porque é um mercado sensível. A gente estuda, olha e o que tem ocorrido é que não há exageros. Estamos aqui para coibir exageros, se houver.;