As queixas dos investidores começam a ganhar força na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador do mercado de ações. A instituição divulgou pela primeira vez o Boletim Semestral de Atendimento ao Público, que revela as empresas que mais falharam com os clientes. No primeiro semestre de 2010, a CVM recebeu 28.932 reclamações e para 457 delas abriu processos. Causaram maior incômodo as dificuldades em operações com homebroker (negociação de ações via internet) e as falhas na execução de ordens.
Em 35,73% dos casos, as críticas foram sobre os serviços prestados por instituições financeiras, que envolveram falhas graves, como operações realizadas sem o consentimento do investidor. Insatisfações relativas a fundos de investimentos aparecem em segundo lugar, com 15,17% do total, e apontam dúvidas sobre rentabilidade e dificuldades na localização dos saldos. Os investidores discordaram, também, dos procedimentos do controlador ou dos administradores de companhias e não aceitaram a demora na transferência de ativos entre instituições.
O superintendente de Proteção e Orientação aos Investidores da CVM, José Alexandre Vasco, alertou quanto ao item ofertas irregulares, que representa 5,14% das reclamações, mas evoluíram cerca de 20% de 2008 para cá. ;São atuações de pessoas não autorizadas, das quais não temos controle;. No site da CVM (www.cvm.org.br), o investidor deve verificar as empresas e profissionais autorizados a operar no mercado para evitar que a quantidade de fraudes cresça.
No topo da lista das 10 instituições financeiras mais criticadas está a TOV CCTVM Ltda., com o maior número de processos (9,25%). Em comunicado, a empresa informou ser a que mais cresceu em 2008, e uma das que mais se expande até hoje.
;Portanto, o número de 36 reclamações no período de seis meses não representa a qualidade de nossos serviços, avaliado como bom ou muito bom por 83% dos nossos investidores;.
Em seguida está o Banco do Brasil (8,48%) que, após uma série de cálculos, destaca que fechou o semestre com 54 milhões de clientes, portanto, ;proporcionalmente, o número de ocorrências está em um patamar baixo;.
Em terceiro lugar vem o Bradesco (7,46%). Também em nota enviada ao Correio, o banco destacou que ;boa parte dos questionamentos se refere a posições antigas de investidores dos Fundos 157, que normalmente demandam tempo maior para pesquisas e informação ao cotista;.
A seguir, aparecem Itaú Unibanco (4,88%), Santander no Brasil (4,11%), Senso S/A (3,34%), Ágora S/A (3,08%), Um Investimentos S/A CTVM (2,57%), BNY Mellon Serviços Financeiros DTVM S/A (2,31%) e, por fim, Banif (2,31%).