São Paulo - A expectativa do governo federal é de que a produção brasileira de etanol aumente cerca de 145% nos próximos dez anos. Ao participar nesta segunda-feira (20/9), na capital paulista, do Fórum de Energia 2010, promovido pela revista Exame, o ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, disse que a expectativa é de que a produção anual salte dos atuais 26 bilhões de litros para 64 bilhões de litros em 2019.
Pouco antes de deixar o evento, o ministro comentou com jornalistas que o governo ainda discute se o etanol deve ser tratado como um biocombustível ou como um produto agrícola, definição necessária para se definir qual a legislação mais apropriada para o setor. Atualmente, segundo Zimmermann, 54% dos veículos de pequeno porte utilizam etanol enquanto 42% usam a gasolina.
O presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), Marcos Jank, afirmou que o uso de combustíveis renováveis como o etanol tem crescido abaixo das expectativas e do potencial do setor. Para Jank, apesar da presença da cana-de-açúcar na matriz energética crescer ano a ano, ainda faltam políticas públicas que priorizem a pesquisa e a produção de etanol.
"As perspectivas para o setor são muito positivas, mas não estamos vendo um novo ciclo de crescimento ou o surgimento de novas usinas. Em parte devido a crise financeira do ano passado, mas também pela falta de políticas públicas mais claras", disse Jank.
O presidente da Unica comentou que, este ano, a produção de etanol e açúcar deverá ser maior do que em 2009. Ainda assim, Jank demonstrou estar preocupado com a possibilidade de a prioridade dada ao petróleo do pré-sal ofuscar a necessidade de investimentos em pesquisas que garantam ao país manter o reconhecimento internacional à qualidade do combustível obtido a partir da cana-de-açúcar. "Será que, com o pré-sal e a possibilidade de o Brasil vir a ser um grande exportador de petróleo, continuaremos tendo uma matriz energética limpa?"
A estimativa da Unica é que, este ano, sejam produzidos cerca de 33 milhões de toneladas de açúcar e algo em torno de 27 bilhões de litros de etanol. Números que, de acordo com o presidente da entidade, são muito positivos.