Jornal Correio Braziliense

Economia

Gabarito do MPU causa polêmica e candidatos ameaçam recorrer contra prova

Os concurseiros que fizeram as provas do Ministério Público da União (MPU), aplicadas no último domingo, estão em conflito com o gabarito divulgado pelo organizador do certame, o Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe). As respostas preliminares foram publicadas na terça-feira e, desde então, professores de cursinhos se debruçam sobre a avaliação. Pelo menos dois grandes preparatórios, um em São Paulo e outro em Brasília, divergem do gabarito preliminar e estão oferecendo argumentos para os participantes do processo seletivo recorrerem contra diversas questões.

Dentro e fora dos fóruns de discussão dos concurseiros, a quarta-feira foi de tensão e de muitas ligações para o Cespe. Centenas de candidatos exigiam a retificação do gabarito. O burburinho foi tanto nas redes sociais de aficionados por concursos, que surgiu até um boato: o gabarito seria corrigido nesta quinta-feira. Mas era tudo mentira. Em nota enviada ao Correio, o organizador do concurso negou a possibilidade de tal retificação.

Na página da internet do preparatório brasiliense Gran Cursos, 12 questões das provas de técnico e analista são apontadas como passíveis de recurso. O professor Gilcimar Rodrigues, de Legislação Aplicada ao MPU, argumenta contra algumas respostas. Em uma questão, o Cespe afirma que ;o procurador-geral da República exerce função de procurador-geral eleitoral;. O candidato deveria responder se a afirmação é falsa ou verdadeira. O gabarito diz que ela está errada. Rodrigues discorda do Cespe.

;Nota-se que há um grande equívoco em colocar a questão supracitada como errada;, diz em um trecho da argumentação do professor. ;Tal questão também já foi objeto de provas realizadas pelo próprio Cespe. Então fica claro o equívoco no gabarito preliminar, necessitando de alteração;, concluiu.

Recursos
Para o candidato Diogo Nascimento, 27 anos, esses erros são um absurdo. Na comparação entre o gabarito preliminar e o não oficial dos cursinhos, ele perde quase 20 pontos quando calcula sua colocação pelo Cespe. ;Nunca houve uma divergência tão grande entre os gabaritos;, queixou-se. ;Tem muita gente reclamando. Todo mundo vai entrar com recurso;, disse Nascimento, que fez a prova para analista processual.

De acordo com o professor Luiz Flávio Gomes, do preparatório paulista LFG, é normal aparecerem as divergências entre as repostas preliminares e a correção de professores. O comum, segundo ele, é haver de oito a 10 diferenças para cada 100 questões. ;Com isso nós damos argumentos para os alunos entrarem com os recursos;, explicou o professor. Na correção da LFG, sete pontos da prova são passíveis de questionamento.

O Cespe foi procurado pela reportagem e informou por meio de nota que todas essas posições só poderão ser analisadas caso os concurseiros entrem com recurso na instituição. ;O candidato que considerar que existe erro em seu gabarito deve protocolar requerimento administrativo junto à Central de Atendimento do Cespe/UnB;, disse o comunicado enviado ao Correio.

O prazo para recorrer contra o gabarito preliminar se encerra hoje. Pode ser feito pessoalmente, em formulário do Cespe, na Central de Atendimento, das 8h às 19h. O recurso pode ser enviado ainda por correspondência, para o endereço Caixa Postal 4488, CEP 70.904-970. O requerimento também pode ser feito via e-mail, no sac@cespe.unb.br; ou por fax, no (61) 3448-0110. O edital exige que qualquer recurso tenha anexo a identidade e o CPF do candidato.


Colaborou Manoela Alcântara