Os preços para os empresários estão em disparada e, se esses custos não forem absorvidos pelas empresas, corre o risco de acabar no bolso dos consumidores. O reflexo das altas no atacado pode vir em forma de reajustes nos custos de fogões, geladeiras e carros ; bens duráveis que usam o minério de ferro como um dos principais insumos, matéria-prima que subiu 11,42% só no mês passado. Com essa alta expressiva, o Índice Geral de Preços ; Disponibilidade Interna (IGP-DI), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), foi afetado e saltou de 0,22% em julho para 1,10% em agosto.
De acordo com economistas, o IGP-DI, por estar em alta, figura como um contraponto aos demais índices de inflação, que estão acumulando queda de preços. O setor produtivo foi o responsável por esse indicador elevado. Os custos para os empresários ficaram 1,70% mais caros entre julho e agosto. ;É um número muito alto para nossa realidade de inflação em baixa;, avaliou José Eduardo Balianz, professor de Economia da Escola Superior de Propaganda e
Marketing (ESPM). ;Na média, o prazo lógico para esses preços chegarem aos consumidores (1) é de cerca de 30 dias. Mas esse repasse vai estar condicionado às variáveis de mercado, é preciso esperar e ver o que realmente ocorrerá;, ponderou. O IGP em alta, ainda segundo Balianz, é o reflexo de uma economia aquecida e de consumo intenso.
Pressões
Além do minério, mais quatro itens da cesta de produtos do IGP-DI tiveram aumento de preços para os produtores e elevaram o indicador: a maior alta, depois do mineral, foi a do milho no atacado, que subiu 8,04%. Na esteira dele seguem a soja, com 9,19%, a carne bovina (7,19%) e os bovinos (3,72%). No caso da proteína animal, os preços em alta se justificam por uma forte seca na Rússia e na Europa, o que tem prejudicado a safra de soja e milho, produtos que são usados como alimentos para bois e frangos. O impacto imediato dessa menor oferta de grãos ocorre diretamente no custo da ração e por consequência encarece a carne.
1 - Alívio no bolso
Apesar dessa pressão sobre o setor produtivo e da sombra do repasse de preços para o bolso das pessoas, esses custos mais pesados ainda não chegaram na ponta e não foram capturados pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC). Na contramão de todo esse encarecimento, esse índice, um dos componentes do IGP-DI, recuou 0,8% entre julho e agosto. Dentro da cesta de produtos do IPC, alimentação ficou, na média, 0,64% mais barato no mês. Vestuário acompanhou o recuo e baixou 0,40%.