Apesar da boa surpresa no cenário doméstico, com o crescimento de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, resultado acima do esperado pelos analistas, a Bolsa de Valores de São Paulo se descolou dos mercados mundiais e encerrou o dia no vermelho. O Ibovespa, índice mais negociado na BM, depois de operar grande parte do pregão (1) no campo positivo, fechou em baixa de 0,19%, nos 66.678 pontos.
As previsões do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, de expansão moderada, mas ainda um pouco acentuada, da atividade econômica nos próximos dois trimestres não interferiram nas intenções dos investidores de aproveitar as oportunidades de ganhos na Bolsa. Segundo um gestor de renda variável de um banco, há suspeitas de que a economia venha a crescer mais que os 7,3% ao ano previstos por Meirelles. Esse sentimento fez o mercado virar as costas e agir alheio ao discurso do BC.
;Foi um movimento técnico. Depois de três sessões em alta, os investidores resolveram vender seus papéis e embolsar o dinheiro;, disse Flávio Serrano, economista-sênior do BES Investimentos. ;Não tem muita explicação. Principalmente porque, lá fora, as commodities (mercadorias com cotação internacional) subiram e o bom humor imperou;, disse Rossano Oltramari, economista-chefe da XP Investimentos.
O 3 de setembro no Brasil foi considerado ;um dia estranho;, em que os mercados internacionais reagiram bem, em consequência do Relatório de Emprego, nos Estados Unidos, que apontou perda de 54 mil postos de trabalho, em agosto, abaixo dos 120 mil esperados para o período. A taxa de emprego nos EUA, outro dado positivo, subiu de 9,5% para 9,6%. Só a Bovespa desandou.
No mercado de câmbio, o dólar continua em queda, depois de romper a barreira psicológica de R$ 1,75. A moeda americana fechou em alta de 0,06%, cotada a R$ 1,733. O mercado começa a discutir um novo piso de resistência, em torno de R$ 1,70, tendo em vista as expectativas de grande entrada de dólares com o lançamento de ações de várias empresas que estão preparadas para iniciar o processo, assim que for concretizada a capitalização da Petrobras.
Bolsas sobem em todo o mundo
O Índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, animado pelos indicadores de emprego menos ruins que o esperado pelos analistas, fechou em alta de 1,24%. As bolsas europeias seguiram a mesma tendência. Em Londres, o mercado acionário subiu 1,06%; em Paris, o ganho chegou a 1,12%; e em Frankfurt, a bolsa avançou 0,84%. Na Ásia, os resultados saíram antes dos dados do emprego nos EUA, mas, mesmo assim, foram positivos. Em Tóquio, a alta foi de 0,57%; Xangai fechou estável; e Hong Kong teve alta de 0,49%.