Jornal Correio Braziliense

Economia

Minério de ferro e soja impulsionam aceleração do IGP-M em agosto

O preço de duas matérias-primas teve influência decisiva na subida do Índice Geral de Preços ; Mercado (IGP-M) em agosto. Base para o reajuste dos aluguéis de imóveis, o índice subiu 0,77% em agosto ante 0,15% registrado em julho devido, principalmente, ao aumento nos preços da soja e do minério de ferro.

Segundo o coordenador do IGP-M e economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros, os dois produtos subiram mais de 10% em agosto. Colaboraram, juntos, com cerca de 0,64 ponto percentual dos 0,77% do índice no mês.

Quadros explicou que a alta do minério de ferro foi causada pelo reajuste trimestral do insumo. O item subiu 15,08% em agosto e, sozinho, contribuiu com 0,42% ponto no IGP-M.;O reajuste de agosto corresponde a alta acumulada em três meses;, disse. ;O minério foi o maior responsável pela aceleração do índice, mas não vai contribuir por dois meses.;

Já a soja, disse o economista, subiu 10,55% no mês. Com a alta, o item contribuiu com 0,22 ponto percentual do total do IGP-M. ;A soja subiu, primeiro, porque o Brasil está em uma entressafra;, afirmou o economista. ;Segundo, porque ameaças de seca no Hemisfério Norte aumentaram o preço do produto globalmente.;

Segundo Salomão Quadros, a soja é só mais um dos produtos agrícolas que subiram em agosto. O preço do milho, dos produtos bovinos, do frango também aumentaram, seguindo uma tendência que deve trazer impactos no preço de produtos voltados ao consumidor final. ;O preço é estabelecido em uma cadeia;, disse. ;O impacto dos produtos mais básicos deve ser sentido no futuro.;

Neste mês, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que compõem o IGP-M, recuou 0,27%. Em julho, já havia diminuído 0,17%. Em junho, também caiu. "Foram três índices negativos seguidos. Não víamos isso desde 1998."

Para o economista da FGV, em função dos últimos recuos será fácil para o governo federal e o Banco Central manterem a inflação do país dentro da meta de 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos. "O governo leva em conta a inflação nos produtos vendidos ao consumidor final", disse. "Os últimos resultados facilitam", completou.