Jornal Correio Braziliense

Economia

Desemprego chega a 6,9% e é o menor da história

Apesar da desaceleração do ritmo de crescimento da economia brasileira constatada por órgãos do próprio governo, como Banco Central e Ministério da Fazenda, os dados da atividade do mercado de trabalho comprovam que as contratações seguem a todo vapor. A taxa de desocupação nas seis principais regiões metropolitanas do país caiu para 6,9% em julho, resultado recorde na série histórica apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao mesmo tempo que o desemprego caiu, a renda da população ocupada cresceu 5,1% na comparação com o mesmo mês do ano passado, resultado que animou o mercado diante da perspectiva de consumo (1)pujante no segundo semestre.

O segmento de trabalhadores com maior incremento nos salários foi o dos sem carteira assinada no setor privado. Em julho de 2009, eles ganhavam, em média, R$ 908,61. A quantia é 16,9% menor que os R$ 1.062,20 observados no mês passado. Quando considerada a divisão por atividade do emprego, os funcionários da construção civil são os que obtiveram maior ganho: 14,2%. Segundo o gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, Cimar Azeredo, o aumento do rendimento médio real da população está diretamente relacionado com a melhora na qualidade dos postos de trabalho gerados.

;Após um período de estagnação observado no ano passado, devido aos efeitos da crise mundial, a economia voltou a crescer e a ocupação superou os níveis pré-crise. A indústria ; setor que mais sofreu em 2009 ; agora está entre os que mais contratam;, afirmou Azeredo. E foi exatamente na indústria que o gráfico Johnatan Miranda Silva, 22 anos, morador do Recanto das Emas, conseguiu um emprego no primeiro semestre do ano. Apesar de nunca ter feito curso técnico, Johnatan aprendeu o ofício no dia a dia da empresa. ;Pretendo usar o dinheiro para pagar uma faculdade de biologia;, revela.

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas do Distrito Federal (Sindigraf-DF), Antônio Eustáquio, o faturamento do setor sofreu uma queda de cerca de 40% nos meses que sucederam a crise, mas, em 2010, a expectativa é recuperar as perdas com crescimento real entre 7% e 8%, puxado principalmente pelas demandas governamentais para impressão de balanços de fim de mandato e, em menor escala, pelas campanhas eleitorais.

Ressalvas
O consultor empresarial e professor de administração da Universidade de Brasília (UnB) Jorge Pinho pondera que, apesar de positivos, há ressalvas a serem observadas em relação aos números divulgados pelo IBGE. ;O grande problema é a qualidade dos empregos que estão sendo gerados. A maior parte dos postos está no setor de serviços, onde há baixa qualificação. Esse tipo de emprego é muito volátil, basta um sinal negativo macroeconômico para que seja rapidamente fechado;, explica. Outro fator que influenciou os dados, segundo Pinho, é o fato de 2010 ser um ano eleitoral.

Na avaliação do banco Santander, a queda no desemprego e o aumento na renda reforçam a previsão de que o consumo interno continuará subindo nos próximos meses. Em preparação para essa demanda aquecida que se manifestará mais intensamente em datas como o Dia da Criança e o Natal, o diretor comercial da loja de brinquedos Harri;s, no Brasília Shopping, Teilon Cesar, reforçará o quadro de funcionários em 50% até a primeira quinzena de setembro. ;Os contratos são até dezembro, mas sempre tem aqueles que acabam efetivados;, disse.

O Bradesco reforça o coro de otimismo quanto ao aumento do rendimento médio real. ;A renda será um dos determinantes mais importantes para segurar a demanda em nível elevado;, afirmou o banco. Já a corretora Prosper considera que esse, e sobretudo os próximos números da Pesquisa Mensal de Emprego, tendem a frear uma queda maior da taxa de juros na curva futura. ;Mas o viés de queda com dados fracos da atividade econômica oriundos do exterior tem sido predominante.;

1 - Contratações sobem
De acordo com a série histórica do IBGE, tradicionalmente, o segundo semestre registra quedas sucessivas na taxa de desocupação. De acordo com o gerente da PME, Cimar Azeredo, o principal motivo para isso são as contratações para atender a demanda das festas de fim de ano e do Dia da Criança. Nessa época, a indústria precisa produzir mais e o comércio necessita de mais caixas e vendedores. A previsão é de essas contratações serem detectadas nas pesquisas de agosto e setembro e, mais intensamente, em novembro.