Jornal Correio Braziliense

Economia

Passeatas ao som de vuvuzelas marcam nono dia de greve na África do Sul

Maputo (Moçambique) ; O nono dia de greve dos funcionários públicos sul-africanos foi marcado por passeatas e sons de vuvuzelas. Milhares de grevistas marcharam por várias cidades nesta quinta-feira (26/8) com faixas, cartazes e também soprando as cornetas que ficaram famosas durante a última Copa do Mundo, promovida no país.

As passeatas foram pacíficas. No centro de Joanesburgo, centenas de professores dançavam durante as manifestações. Ao contrário da semana passada, não houve confronto com a polícia, que acompanhava o protesto em grande número. Várias escolas estão fechadas e os exames de meio de ano terão de ser remarcados.

Em Bloemfontein, enfermeiros marcharam com camisetas coloridas e com cartazes com mensagens como ;Nos comportamos bem durante a Copa. Agora nos deem 8,6%;.

Para evitar interrupção nos atendimentos hospitalares, militares foram deslocados para trabalhar as unidades. Fontes oficiais atribuem à greve a morte de seis pessoas na semana passada, por falta do devido atendimento. Mas até grupos militares já anunciaram que podem aderir à paralisação.

O atendimento também foi afetado nos postos de imigração. Entrar e sair da África do Sul leva mais tempo que o habitual porque o número de atendentes é pequeno. Na fronteira com Moçambique, por exemplo, somente dois guichês funcionavam nesta quinta-feira de manhã.

;Levei uma hora para fazer algo que normalmente demora dez minutos;, diz Isaura Macedo Pinto, moçambicana que foi à cidade sul-africana de Neusprit para uma consulta médica. ;Soube de pessoas que demoraram duas horas para cruzar a fronteira hoje;. A viagem entre Maputo e Neusprit, que costuma demorar cerca de uma hora e meia, levou quase o dobro do tempo.

O porta-voz do governo sul-africano Themba Maseko disse, em entrevista coletiva, que existe a possibilidade de as negociações serem reabertas. Até agora, a oferta de 7% de reajuste e auxílio-moradia de R700 (cerca de R$ 168) foi apresentada como final. Os sindicatos querem 8,6% e benefício de R1000 (R$ 240).

A maior central sindical sul-africana, Cosatu (sigla em inglês para Congress of SA Trade Unions), anunciou que, caso as conversas não avancem até semana que vem, pode decretar uma greve geral, com o envolvimento de categorias da iniciativa privada.