Berlim ; Apesar do risco de isolamento na Europa e no resto do mundo, a Alemanha adotou ontem um projeto de taxa bancária com o objetivo de evitar que o contribuinte pague pela falência dos bancos, mas a iniciativa pode terminar sendo apenas simbólica.
Os bancos alemães deverão destinar ao Estado uma parte de seus rendimentos, segundo o projeto, que deve passar primeiro pelo Parlamento até o fim do ano.
A quantia arrecadada criará um fundo ao qual será possível recorrer em caso de ameaça de falência de um banco considerado de importância estratégica.
O valor da taxa será proporcional ao tamanho do estabelecimento e ao grau de risco de suas atividades.
O governo da primeira-ministra, Angela Merkel, não deu uma cifra quanto ao volume de dinheiro que espera arrecadar, mas indicou que em 2006, um bom ano para os bancos, a taxa teria gerado 1,3 bilhão de euros (US$ 1,6 bilhão).
A opinião pública alemã manifestou muita irritação com os valores gastos pelo Estado para resgatar bancos, como, por exemplo, o do banco especializado no setor imobiliário Hypo Real Estate, que ainda se beneficia de mais de 100 bilhões de euros (US$ 126 bilhões) de garantias. Além disso, instituições receberam recursos dos cofres públicos: 7,8 bilhões de euros para o Hypo Real Estate e 18,2 bilhões para o Commerzbank.
Pagamento lento
Levando em conta uma receita de 1,3 bilhão de euros anuais oriunda da nova taxa, seriam necessários 20 anos de contribuições dos bancos para pagar o total utilizado nos dois estabelecimentos salvos durante a crise.
;Na prática, será o contribuinte que continuará pagando;, declarou o analista bancário Konrad Becker, da Merck Finck.
A Alemanha é o primeiro país a lançar a ideia de uma taxa deste tipo e espera convencer outros países a adotar iniciativa similar, como uma maneira de preservar a competitividade de seus bancos. Até o momento, apenas a França parece entusiasmada com o projeto.
Enquanto que a Grã-Bretanha também aceitou analisar uma taxa similar ; sem a garantia de que será adotada ;, o Congresso americano, por sua vez, enterrou um projeto para reter dos bancos US$ 25 bilhões e o Canadá e os países emergentes não apoiam a ideia.
BANCO ESPERA DEFAULT DE PAÍSES
; Paris ; Alguns países entre os mais ricos do mundo, vítimas de graves dificuldades orçamentárias, serão incapazes de pagar total ou parcialmente sua dívida pública, afirma um estudo do banco americano Morgan Stanley. ;A questão não é saber se há governos que vão quebrar, e sim como farão;, afirma a instituição no documento consagrado à dívida dos Estados. O banco de negócios opina que o valor da dívida pública em comparação com o PIB (Produto Interno Bruto) anual se tornou muito elevado e que os problemas orçamentários foram subestimados de forma considerável por vários governos dos países ricos. Segundo o estudo, a crise da dívida que afetou a Zona do Euro no início de 2010 está longe de ter terminado e não envolve apenas os países mais frágeis. Em consequência, os credores dos Estados correm o risco de não serem reembolsados jamais.