Apesar do risco de isolamento na Europa e no resto do mundo, a Alemanha adotou nesta quarta-feira (25/8) um projeto de taxa bancária como o objetivo de evitar que o contribuinte pague pela falência dos bancos, mas a iniciativa pode terminar sendo apenas simbólica.
Os bancos alemães deverão destinar ao Estado uma parte de seus benefícios, segundo a iniciativa, que deve passar primeiro pelo Parlamento até o fim do ano.
A quantia arrecada criará um fundo ao qual será possível recorrer em caso de ameaça de falência de um banco considerado de importância estratégica.
O valor da taxa será proporcional ao tamanho do estabelecimento e ao grau de risco de suas atividades.
O governo não deu uma cifra quanto às rendas que espera obter, mas indicou que em 2006, um bom ano para os bancos, a taxa teria gerado 1,3 bilhão de euros (1,6 bilhão de dólares).
A Alemanha é o primeiro país a lançar a ideia de uma taxa deste tipo.
A opinião pública alemã manifestou muita irritação com os valores gastos pelo Estado para resgatar bancos, como por exemplo o do banco especializado no setor imobiliário Hypo Real Estate, que ainda se beneficia de mais de 100 bilhões de euros (126 bilhões de dólares) de garantias.
Em ambos os casos, os bancos receberam um importante apoio em efetivo de parte dos cofres públicos: 7,8 bilhões de euros para o Hypo Real Estate e 18,2 bilhões para o Commerzbank.
Levando em conta uma rendimento de 1,3 bilhão de euros anuais pela nova taxa, seriam necessários 20 anos de contribuições dos bancos para pagar o total utilizado nos dois estabelecimentos salvos durante a crise.
"Na prática, será o contribuinte que continuará pagando", declarou à AFP o analista bancário Konrad Becker, da Merck Finck.
A Alemanha espera convencer outros países a adotar uma iniciativa similar, como uma maneira de preservar a competitividade de seus bancos, mas até o momento apenas a França parece entusiasmada com o projeto.
Enquanto que a Grã-Bretanha também aceitou analisar uma taxa similar - sem a garantia de que será adotada -, o Congresso americano, por sua vez, enterrou um projeto para reter dos bancos 25 bilhões de dólares e o Canadá e os países emergentes não apoiam a idea.