Exaltados pelo governo como a salvação do país durante o auge da crise mundial de 2008, os bancos públicos estão liderando a concessão de empréstimos, mas também têm sido obrigados a aumentarem as provisões para a cobertura de eventuais calote de seus clientes. Segundo informações divulgadas ontem pelo Banco Central, as instituições controladas pelo Tesouro Nacional elevaram as reservas para crédito de liquidação duvidosa em 1,4% de junho para julho e em 4% no acumulado de 12 meses. No total, esses bancos separaram em seus balanços R$ 33,27 bilhões, dinheiro suficiente para cobrir o que os analistas chamam de empréstimos pobres.
Embora maior em valor absoluto ; R$ 45,88 bilhões ; as provisões para perdas feitas pelos bancos privados nacionais cresceram apenas 0,7% em julho e 1% nos últimos 12 meses. Entre os bancos estrangeiros, que são os que menos emprestam recursos no país, as reservas contra calotes caíram 2,2% de junho para julho e encolheram 10% em 12 meses, conforme documento detalhado pelo chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Operações longas
Nas instituições públicas ; lideradas pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal ;, o aumento da provisão para dívidas de difícil liquidação foi concentrado nos créditos com atraso superior a 180 dias. Entre os bancos privados nacionais, a reserva que mais cresceu foi a destinada aos clientes inadimplentes, que deixaram de pagar as contas vencidas entre 151 e 180 dias. No sistema financeiro como um todo, o índice de calote ; no qual se inserem as operações com atraso superior a 90 dias ; está estável, sendo de 3,6% nos financiamentos a empresas e de 6,5% nas operações realizadas com as pessoas físicas.
;Felizmente, apesar do forte aumento das provisões (1), tanto os bancos públicos quanto os privados que atuam no país estão com boa saúde. O BC tem feito um excelente trabalho de supervisão, exigindo que as instituições reforcem o capital e estejam preparadas para tempos difíceis;, disse um analista de mercado.
Ele destacou que, da montanha de recursos liberados às famílias e das empresas, os bancos públicos entraram com R$ 653,67 bilhões, o equivalente a 19,4% do Produto Interno Bruto (PIB). Já os bancos privados liberaram R$ 621,21 bilhões em empréstimos (18,4% do PIB) e os estrangeiras, R$ 272,97 bilhões (8,1%).
1 - Seguro contra quebradeira
As provisões para a cobertura de créditos de liquidação duvidosa são uma determinação do Banco Central. Elas evitam que as instituições quebrem em caso de aumento repentino da inadimplência. As reservas para calotes levam em conta as classificações de riscos de crédito determinadas pelo BC, que vão de A a H. Os créditos A têm excelente qualidade. Já os H são dados como perdido. Quanto maior for o tempo de atraso nos pagamentos, maior será a necessidade de reserva de capital.