O Banco do Brasil pretende aumentar em mais de 20% a oferta de crédito rural para o financiamento da safra 2010/2011, iniciada em julho. Até a primeira quinzena de agosto, a instituição já havia concedido R$ 2,5 bilhões para os agricultores e a expectativa é de que o volume global chegue aos R$ 42 bilhões, ante os R$ 34,7 bilhões da safra passada (2009/2010). Para o vice-presidente de agronegócios da instituição financeira, Luís Carlos Guedes Pinto, a estimativa ainda é conservadora e há espaço para aumentar a oferta de empréstimos.
;Será uma safra tranquila e não vão faltar recursos para aqueles que já têm crédito aprovado. As projeções são pragmáticas, dentro do que esperamos em custos e oportunidade para os produtores. Mas se a demanda for maior, teremos condições de atender;, avisou. De acordo com Fernando Muraro, analista da consultoria AgRural, não faltam motivos para crer em um melhor desempenho do setor. ;Trabalhamos com a projeção da melhor rentabilidade para o campo nos últimos dois anos;, justificou. Ele destaca que o início da safra já está caracterizado por redução entre 5% e 10% nos preços de fertilizantes, além de queda de 10% a 15% dos preços no mercado internacional.
Na safra 2009/2010, as cooperativas agrícolas e os grandes produtores ficaram com a maior fatia dos recursos ; R$ 26 bilhões ;, enquanto a agricultura familiar buscou R$ 8,7 bilhões em financiamentos no banco. Apesar de representar volume menor, as operações com os pequenos agricultores cresceram o dobro (22,7% ante 11,6%) do volume emprestado ao segmento empresarial. Parte dos recursos contratados pelos familiares veio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), por meio do programa Pronaf. A linha destinou R$ 2,1 bilhões para 45,8 mil contratos, dos quais 11,5 mil previam a compra de tratores, máquinas e implementos agrícolas.
Prorrogados
A carteira total do BB atingiu R$ 70,3 bilhões e passou a representar mais de 60% do crédito disponível no Sistema Nacional de Crédito Rural. O diretor de agronegócios do banco, José Carlos Vaz, chamou a atenção para o fato de o crédito continuar em expansão, apesar da trajetória de queda da inadimplência, que se aproxima da marca histórica de 2%. O percentual de financiamentos agrícolas em atraso, em relação ao total da carteira, passou de 3,8% em setembro de 2009 ; situação mais crítica ; para 3,3% no fim do ano passado e para 2,3% em 30 de junho deste ano (dado mais recente).
Do total financiado, cerca de R$ 10 bilhões são créditos que o banco chama de ;prorrogados;, oriundos de crises agrícolas ocorridas entre 2004 e 2006, nas quais os produtores se depararam com condições climáticas adversas e sofreram com a queda da taxa cambial de R$ 3,10, na época do plantio, para cerca de R$ 2,60, na ocasião da colheita. Os créditos prorrogados, explicou Vaz, têm riscos e provisões maiores e, consequentemente, inadimplência maior. ;É uma carteira com produtores de situação mais frágil, que além de sustentarem a produção, ainda precisam pagar as prestações antigas.;