Jornal Correio Braziliense

Economia

Preço do barril usado na capitalização da Petrobras sai até amanhã

As ações da Petrobras abriram a semana em queda depois de mais uma indefinição sobre o preço do barril do petróleo que será utilizado no processo de capitalização da estatal, marcado para setembro. Ontem era a data prevista para que o governo finalmente anunciasse o valor do barril que será utilizado na cessão onerosa, com a União usando petróleo para comprar os papéis da estatal no processo de aumento de capital. Entretanto, a previsão agora é que esse preço seja definido entre hoje e amanhã, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltará a despachar em Brasília. Hoje, ele está em Mato Grosso do Sul, visitando as cidades de Dourado e de Campo Grande.

Os papéis da estatal até tiveram uma leve alta na manhã de ontem com a expectativa de que houvesse algum anúncio após a reunião entre o presidente Lula, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente da estatal, Sergio Gabrielli, realizada à tarde no gabinete da Presidência, em São Paulo. Mais cedo, depois de participar com Lula e Mantega de um evento na zona sul de São Paulo, o ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, disse aos jornalistas que ;espera uma definição no preço do barril ainda esta semana;.

O prospecto preliminar da oferta de ações, com preço da cessão onerosa, deve chegar ao mercado em 16 ou 17 de setembro. A Petrobras e a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) entregaram ao governo (1) os relatórios preliminares das duas certificadoras contratadas para a avaliação do campo de Franco na última quinta-feira, dia 19.

Mas as indefinições são tantas que não se sabe ainda quem é que fará o anúncio oficial sobre o preço do barril e os demais detalhes do contrato da cessão onerosa, que incluirá também o índice de nacionalização dos contratos da estatal no processo de perfuração e depois de distribuição do petróleo do pré-sal. Enquanto isso, o silêncio permanece apesar das especulações da semana passada em relação aos valores do barril, que oscilam de US$ 5 até US$ 12. Nesse caso, o mercado aposta na escolha do menor valor, uma vez que os acionistas minoritários deverão pagar pelas ações da Petrobras em dinheiro vivo.

Fechamento na bolsa
Diante das informações desencontradas, as ações preferenciais PN (sem direito a voto) da Petrobras encerraram o pregão da Bovespa com nova queda, de 0,45%, a R$ 26,66. Durante o dia, a cotação do papel chegou ao pico de R$ 27,19, mas fechou na mínima. ;Essa leve alta foi resultado de uma expectativa positiva de uma definição do preço do barril petróleo;, comentou o economista da corretora Prosper, Demetrius Lucindo.

A opinião é a mesma entre vários especialistas das bolsas de valores. ;O mercado está muito inquieto e vai continuar enquanto não houver uma definição sobre esse processo de capitalização da Petrobras;, disseram analistas da corretora carioca XP Investimentos.

Além da Petrobras, também as ações preferenciais da Vale despencaram 2,42%, para R$ 42,30 (diante de rumores, negados posteriormente, de que a mineradora estaria negociando a compra de uma empresa de fertilizantes canadense. Com isso, a Bovespa caiu 1,04% ontem. ;Os papéis da Petrobras estão sofrendo muito com toda essa indefinição do governo. Quanto mais ele adia, mais os investidores fogem da bolsa, tanto que a média prevista da Bovespa para os próximos 200 meses, de 66.422 pontos, foi perdida nesta segunda-feira. Diante disso, a tendência é de novas quedas;, informou o analista da corretora Tov, Octavo Focques, lembrando que o megainvestidor George Soros vem há dias vendendo os papéis da Petrobras e já não tem mais nenhum em carteira.

1 - Concessão de Belo Monte
O contrato de concessão da Usina de Belo Monte, localizada no Rio Xingu (PA), será assinado na próxima quinta-feira, na presença do ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O projeto, avaliado em R$ 19 bilhões, terá capacidade de gerar 11,233 mil megawatts de energia e a conclusão das obras está prevista para 2015. Quando entrar em operação, Belo Monte será a terceira maior hidrelétrica do mundo, ficando atrás da chinesa Três Gargantas e de Itaipu, na fronteira com o Paraguai.