Brasileiros e estrangeiros que moram no país estão mandando como nunca dinheiro para o exterior, o que vem chamando a atenção do Banco Central. ;As despesas (aumento das remessas do Brasil para o exterior) vêm subindo devido não apenas à maior disponibilidade de recursos das famílias (brasileiras) para a manutenção de residentes no exterior (muitos estudando), mas também ao fato de o país contar com número crescente de executivos estrangeiros, que também remetem parte dos seus salários para suas famílias;, explicou o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Mas, de acordo com Altamir, essa conta, discriminada no balanço de pagamentos como transferências unilaterais, ainda é positiva, o que significa que o ingresso de recursos no país, mandado por brasileiros que moram e trabalham no exterior, continua superando as remessas. Pelos dados do BC, em julho último, houve saldo líquido positivo de US$ 197 milhões.
Ou seja, brasileiros e estrangeiros enviaram para o exterior US$ 157 milhões, o nível mais alto da série, e o país recebeu US$ 353 milhões remetidos por brasileiros que vivem no exterior.
No acumulado do ano, a situação se repete, com as receitas batendo em US$ 2,79 bilhões e as tranferências totalizando US$ 950 milhões, também o nível mais alto da série para um período de sete meses.
O BC acredita que a maior parcela da saída de divisas deve ser creditada aos trabalhadores estrangeiros no país. O número deles aumentou muito nos últimos meses e, como são profissionais qualificados, vários deles executivos de filiais de multinacionais, os salários são elevados. Parte dos rendimentos é remetida ao exterior para o sustento das famílias.
A percepção do Banco Central é confirmada pelas autorizações, concedidas pelo Conselho Nacional de Imigração, para estrangeiros trabalharem no país. No primeiro semestre do ano, 22.188 pessoas de fora obtiveram visto de trabalho no Brasil, um aumento de 18,85% em relação ao mesmo período de 2009.
Para o Ministério do Trabalho, a vinda em massa desses estrangeiros, como os trabalhadores que atuam a bordo de embarcações ou em plataformas de petróleo, está relacionada à ampliação dos investimentos e à boa situação econômica que o país atravessa, ao contrário da recessão nas economias desenvolvidas, para onde costumam ir.