O ritmo de geração de empregos formais caiu pelo terceiro mês consecutivo, com saldo de 181 mil postos em julho, ante o saldo de 212 mil no mês anterior. Apesar da desaceleração, quando comparado ao mesmo período do ano passado, houve crescimento de 6,8%. Já no acumulado de 2010, o saldo é de 1,6 milhão de novas vagas com carteira assinada, resultado recorde para os sete primeiros meses de um ano. Proporcionalmente, a construção civil é o setor que mais cresceu no mês, com variação de 1,54%. Já o setor de serviços é o que mais gerou empregos em números absolutos: 61,6 mil. Apenas três estados apresentaram queda no número de postos: Roraima (-0,34%), Distrito Federal (-0,01%) e Amapá (-0,04%), resultados interpretados como estabilidade.
A expectativa do Ministério do Trabalho é fechar 2010 com 2,5 milhões de novos empregos, número considerado razoável pelo professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) Carlos Alberto Ramos. ;Com o aumento dos juros e o fim dos incentivos fiscais, é natural haver um reflexo na geração de empregos, mas nada que seja motivo para preocupação. A economia continua a crescer em ritmo forte e a tendência é de os empregos formais seguirem crescendo.; De acordo com Ramos, o segundo semestre deverá registrar aumento generalizado de vagas, principalmente na construção civil, graças à alta oferta de crédito e programas como o Minha Casa, Minha Vida e o de Aceleração do Crescimento (PAC).
;Criou-se um ciclo virtuoso. Quanto mais empregos formais, mais pessoas têm acesso ao crédito, logo passam a comprar e gerar novos empregos;, avalia o professor da UnB. O ciclo mencionado pode ser observado, por exemplo, na rede de supermercados Comper. O aumento do poder de compra dos consumidores levou a empresa a inaugurar no Distrito Federal uma loja no último ano e a iniciar reformas em outras duas para oferecer novos serviços aos clientes. De acordo com o gerente-regional Carlos Paes, o quadro de trabalhadores aumentou 50% devido às reformas. ;Atualmente, temos cerca de 120 trabalhadores terceirizados de construtoras que estão empenhados exclusivamente nas obras;, revela.
Comércio
Já o professor de economia da Trevisan Alcides Leite aposta que o grande destaque do segundo semestre será o comércio. ;Tradicionalmente, é o período que as empresas contratam para suprir as demandas do Natal e do Dia da Criança;, pondera. O ministro do Trabalho(1), Carlos Lupi, atribui o desempenho abaixo da média observado no DF à legislação eleitoral, que restringe nomeações de servidores até o fim do ano. Quanto a Roraima e Amapá, Lupi disse que a estabilidade nos empregos é normal, já que são estados com economias menos representativas.
A Região Norte foi a que, proporcionalmente, apresentou maior crescimento no número de empregados com carteira assinada em comparação ao mês anterior: 0,83%, ou 12 mil postos. Porém, em números absolutos, o Sudeste continua como a região que mais gerou empregos no país: 90,9 mil vagas formais. O Nordeste, única região com crescimento econômico durante o segundo trimestre conforme relatório do Banco Central, também se destacou. A região teve saldo de 40,6 mil empregos, variação positiva de 0,78% no período.
1 - Faltam máquinas
Questionado sobre o motivo para o adiamento da adoção do novo ponto eletrônico, do próximo dia 26 para março de 2011, Carlos Lupi negou ter cedido a pressões dos setores produtivo e empresarial. ;Quem me conhece sabe que eu não sou homem de sofrer pressões. Estou convicto de que essa medida é boa para os dois lados;, disse. O ministro justificou a decisão como necessária, após a constatação de que não haveria equipamentos suficientes no mercado para suprir o número de empresas que precisam se adaptar ao novo sistema.
Bares prometem contratar mais
O setor de bares e restaurantes, responsável por 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB), abrirá ao menos mais 150 mil postos de trabalho até o fim de 2010 em todo o país, que se somarão aos 6 milhões existentes hoje. Essa estimativa está baseada no incremento de 9% das empresas do segmento neste ano ante 2009, graças ao aumento da renda. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, as pessoas estão comendo como nunca fora de casa. ;Pelas nossas contas, um terço da alimentação dos brasileiros é feita em nossos estabelecimentos;, disse.
As perspectivas são positivas. De olho na Copa do Mundo de 2014, quando bares e restaurantes devem criar aproximadamente 500 mil vagas temporárias, a Abrasel fechou parceira com o Ministério do Turismo para qualificar 180 mil pessoas. ;O desafio é grande. Vamos trabalhar para oferecer uma boa comida com atendimento adequado, com cardápios em inglês, espanhol, alemão, francês, italiano e árabe. Além disso, os estabelecimentos funcionarão como importantes pontos de informação aos turistas;, afirmou.
A meta, assegurou Solmucci, é reforçar a qualificação em todas as cidades-sedes dos jogos. E, para isso, ele conta com o apoio do empresariado. No que depender de Nilvo Salvatori, dono de um restaurante japonês em Cuiabá (MT), o engajamento será imediato. ;Pagaria R$ 10 mil por uma consultoria. Mas o projeto entre a Abrasel e o ministério ; o Copa na Mesa ; me dará todo o serviço de graça;, comemorou. Dona de uma empresa que fornece comida para grandes empresas, Guilhermina Rodrigues disse que já se antecipou ao movimento de contratações de funcionários para receber bem os turistas. ;Empreguei uma nutricionista que fala inglês para melhorar o serviço;, contou.
No setor de bebidas destiladas, o entusiasmo é o mesmo. ;Estamos preparados para fazer da cachaça a bebida oficial da Copa, já que ela é a bebida oficial do país, conforme decreto presidencial de 2001;, afirmou José Lúcio Mendes, presidente do Centro de Brasileiro de Referência da Cachaça (CBRC). Esse mercado, destacou, emprega aproximadamente 600 mil pessoas no período de entressafra e movimenta cerca de R$ 7 bilhões por ano.
A cachaça é o terceiro destilado mais consumido no mundo, atrás apenas do soju, derivado do arroz, e da vodca. No Brasil, existem 40 mil produtores, responsáveis por 1,4 bilhão de litros. Dados do setor mostram que 99% da produção da cachaça de alambique são consumidos no país e apenas 1%, exportado.
Pelas nossas contas, um terço da alimentação dos brasileiros é feita em nossos estabelecimentos;
Paulo Solmucci, presidente da Abrasel
Confiantes no Brasil
Dados divulgados ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que os estrangeiros estão moderadamente otimistas em relação ao Brasil. O Produto Interno Bruto (PIB) do país crescerá de 3,6% a 6% nos próximos 12 meses, segundo afirmaram 59% dos entrevistados participantes da pesquisa Monitor da Percepção Internacional do Brasil. Outros 29% acham que o país crescerá mais de 6% no período.
Para a pesquisa, que está em sua primeira edição oficial, foram ouvidas em julho pessoas ligadas a 170 entidades, como embaixadas e consulados, câmaras de comércio, organizações multilaterais e empresas de controle estrangeiro. O Ipea fez 15 perguntas aos entrevistados e utilizou as respostas para a formulação de um indicador para a economia, outro para sociedade e um terceiro para política, governo e instituições.
Cada indicador varia de -100 (muito pessimista) a 100 (muito otimista). Na avaliação da economia como um todo, o indicador atingiu 24 pontos, e do PIB, 59 pontos, revelando que os estrangeiros estão moderadamente otimistas. Apenas valores acima de 60 pontos poderiam indicar que os estrangeiros estão muito otimistas.