A alta das taxas de juros, a expectativa em torno da capitalização da Petrobras e os bons indicadores da economia brasileira, a despeito dos sinais de acomodação da atividade, estão levando os investidores estrangeiros a trazerem mais dólares para o Brasil. Dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC) mostram que, na segunda semana de agosto, as entradas de recursos superaram as saídas em exatos US$ 571 milhões, elevando para US$ 2,36 bilhões o saldo positivo acumulado no mês e para US$ 6,44 bilhões no ano. Não foi à toa que o dólar encerrou as negociações de ontem com queda de 0,06%, a R$ 1,753.
O ingresso de dólares continua sendo liderado pela conta financeira, na qual são registradas operações de compra e venda de ações, títulos públicos, empréstimos, investimentos produtivos e remessa de lucros e dividendos, principalmente. Essa rubrica registrou, na semana passada, superavit US$ 267 milhões, totalizando US$ 2,65 bilhões nos 13 primeiros dias de agosto. Na conta comercial, o saldo ficou positivo em US$ 305 milhões. No mês, porém, há um deficit acumulado de US$ 286 milhões, devido ao forte incremento das importações.
Calmaria
No mercado acionário, o dia foi de calmaria. Sem a divulgação de informações relevantes no exterior e na economia doméstica, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM) operou movida pelo duelo entre as ações da Petrobras e da Vale para garantir o posto de mais influente do pregão. E os papéis da mineradora saíram na frente, evitando um dia de queda do Ibovespa, o índice mais negociados da bolsa paulista. O indicador cravou ligeira valorização de 0,08%, aos 67.638 pontos. O movimento financeiro somou R$ 8,25 bilhões.
Segundo os analistas, as ações da Petrobras acompanharam a cautela dos investidores sobre o reforço de capital da empresa que deve ser anunciado nos próximos dias. Os papéis da estatal, que respondem por cerca de 12% no Ibovespa, apontaram baixas expressivas, a ponto de ficarem entre as maiores perdas do índice. As ações ordinárias (ON, com direito a voto) despencaram 2,48%, para R$ 31,51, e as preferenciais (PN) recuaram 2,19%, para R$ 27,68. O mercado está se ressentindo, principalmente, da falta de definição sobre o preço do barril de petróleo a ser usado na cessão onerosa da União para a estatal.
Já os papéis ON da Vale subiram 0,68% e as preferenciais, 0,71%. Mas, além da mineradora, ajudaram a segurar o Ibovespa as ações das empresas de construção, ainda refletindo os bons resultados do balanço do segundo trimestre. Entre as construtoras, Cyrela ON subiu 1,80%; Rossi ON, 2,36%; Gafisa ON, 1,80%; e PDG Realty ON, 1,04%.
Na Bolsa de Nova York, foram os papéis do setor varejista, com os expressivos ganhos no acumulado entre abril e junho, que garantiram a alta de 0,09% do Índice Dow Jones, para os 10.415 pontos, e de 0,28% da Nasdaq, batendo nos 2.215 pontos. ;Felizmente, os investidores estão tentando manter a confiança na retomada da economia dos Estados Unidos, apesar de o Federal Reserve (Fed), o BC do país, estar indicando que a situação não é das melhores;, disse um operador de um banco estrangeiro.
Futuro promissor para a bolsa
Estudo elaborado pela Austin Ratings indica que o Ibovespa, principal indicador de lucratividade da Bolsa de Valores de São Paulo (BM)deve registrar alta de pelo menos 10% até o fim do ano, cravando os 75 mil pontos. O levantamento tem como base os resultados de 51 das 60 empresas ; ou 66 ações ; que tendem a compor a carteira teórica do Ibovespa) entre setembro e dezembro deste ano. A média da rentabilidade anualizada das empresas (calculada a partir do lucro líquido sobre patrimônio líquido) foi 16,5% no primeiro semestre.