A rentabilidade obtida pelo Brasil com a aplicação das reservas internacionais desabou. Culpa da crise internacional, disse o diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Luiz Mendes. Segundo o Relatório de Gestão das Reservas Internacionais divulgado ontem, em 2009 a rentabilidade foi de apenas 0,83%, bem abaixo dos 9,33% obtidos em 2008, ano do início da crise e também bastante inferior à taxa média obtida no período de 2002 a 2009, que foi de 5,61%.
A queda da rentabilidade das reservas reacende o debate sobre o custo de acumulação dos recursos. Sem dizer o custo ; da ordem de US$ 30 bilhões ao ano segundo o mercado, o equivalente a cerca de 0,8% do PIB ; Aldo Mendes preferiu defender o que classificou de ;benefícios quantitativos; dessa política, entre eles o número de empregos poupados porque o país, com reservas abundantes, teve ;musculatura para enfrentar; a crise e sair dela o mais rapidamente possível e com crescimento econômico.
O diretor do BC também disse que é preciso levar em consideração a taxa de juros que o governo e as empresas brasileiras conseguem obter com as captações no exterior. Para Mendes, a reserva é um seguro muito eficiente contra a crise. Por isso, apesar das críticas, o diretor do BC afirmou que a política de acumulação de reservas internacionais vai continuar. ;Vamos manter a política;, garantiu. Ele explicou que a estratégia de compra de dólares segue dois motivos principais: o primeiro é a manutenção da liquidez que o BC acredita adequada para o mercado. O outro motivo para as intervenções do BC no mercado de câmbio diz respeito à volatilidade. ;Não buscamos retirar a volatilidade do mercado, mas também não queremos adicionar volatilidade. Tentamos ser o mais neutro possível;, assegurou.
No fim de 2009 as reservas internacionais do Brasil totalizavam US$ 239,05 bilhões, volume 15,6% maior do que o registrado no ano anterior. Nas últimas semanas, o BC reforçou a estratégia de compra, com as reservas internacionais alcançando a casa de US$ 260 bilhões. Quase 82% das reservas brasileiras são em dólar, o que guarda relação direta com as obrigações que o país tem (governo e empresas) em moeda estrangeira. A aplicação em títulos soberano do Tesouro norte-americano, que rende muito pouco, mas que é considerado superseguro, aumentou com a crise, passando de 78,5% das reservas em 2008 para 89,8% em 2009.