São Paulo - O Banco do Brasil e o Bradesco devem se somar ao português Banco Espírito Santo (BES) para ampliar suas participações no Continente Africano, cujo fluxo comercial com o Brasil vem aumentando ao longo dos últimos anos: desde 2002, as exportações e importações brasileiras para a África cresceram, respectivamente, 28,7% e 23,5%.
Nesta segunda-feira (9/8), ao assinar, na sede do Banco do Brasil em São Paulo (SP), o Memorando de Entendimentos para a realização de estudos que consolidem a parceria, o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, explicou que a associação entre as três instituições deverá gerar uma nova marca (ou bandeira), mas que tanto isso quanto a composição societária e a forma de atuação ainda serão discutidas.
[SAIBAMAIS]Segundo o presidente do BES, Ricardo Salgado, uma nova holding, a BES Africa, será criada, tendo o Banco do Brasil, o Bradesco e o próprio Banco Espírito Santo como seus principais acionistas. Caberá à futura holding consolidar as operações que o BES já mantêm na África, coordenando os investimentos futuros no continente das três instituições.
O BES já atua em Angola, na Líbia, em Cabo Verde, Marrocos e estuda investir na Argélia, mas, segundo o comunicado ao mercado divulgado hoje, a efetivação da operação, além de sujeita à realização de estudos técnicos, está sujeita ao cumprimento das leis e dos marcos regulatórios de cada país.
De acordo com o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, além de acompanhar o movimento de internacionalização das empresas brasileiras, a parceria permitirá que os bancos brasileiros se beneficiem da experiência e da presença do BES na África para garantir presença em um mercado crescente. O executivo, contudo, evitou comentar as expectativas do banco quanto aos possíveis lucros advindos da operação.
"A África é um continente que oferece oportunidades e em vez de termos estas três instituições disputando [mercado] entre si, elas se somam para aproveitar essa oportunidade", afirmou Cappi.
Presente à assinatura do convênio, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu que o empreendimento permitirá uma maior integração entre o Brasil e os países africanos.
"Os países africanos estão com forte expansão econômica e já há ali uma forte presença de empresas brasileiras. A África é o futuro, principalmente para nós que estamos próximos. E hoje vemos o mundo saindo de uma crise internacional com os países avançados ainda enfrentando dificuldades e nós, os países emergentes, saindo dela mais rapidamente e aproveitando as oportunidades que se apresentaram e ocupando os espaços que foram deixados por estes países avançados que continuaram em dificuldades", disse Mantega.