A arrecadação de impostos na cidade de Paraty chega a aumentar em até três vezes o volume de um mês de recolhimento no período da Festa Literária Internacional (Flip). O cálculo é da Secretaria de Turismo do município, que fica a 230 quilômetros do Rio de Janeiro e espera receber até este domingo (8/8) 20 mil visitantes para o evento.
O aumento no volume de impostos pagos é o reflexo do aquecimento de negócios na cidade, que tem o turismo como principal fonte de renda. Os proprietários de restaurantes e hotéis chegam a estimar que os negócios triplicam com a festa. Encontrar quartos na véspera do encontro ou mesas vagas nos horários de almoço e jantar é um desafio para os visitantes e moradores de Paraty.
A empresária Nina Taterka Prado, que mora em Paraty há dez anos, resolveu, pela primeira vez, ampliar o negócio para sentir os efeitos da festa literária. A loja de artesanato indígena e café, com lanches simples - como tapioca e suco de frutas da Amazônia -, que mantém na cidade durante o ano, agora está oferecendo refeições completas. "Realmente é um aumento significativo, é um tsunami na nossa vida. Pelo que estou vendo até agora, tenho ainda dois dias, mas já faturei o que faturei durante o último verão inteiro".
A Flip tem se mostrado um bom negócio para qualquer segmento econômico. A venda de livros, obviamente, não poderia deixar de ter destaque. Ainda assim, Norma Reis, proprietária de duas livrarias em Paraty desde 2001, lamenta que o número de visitantes desta edição tenha sido menor. As vendas dos primeiros dias já mostraram uma queda em relação aos anos anteriores, mas Norma ainda está otimista e acredita que vai atingir sua meta.
"Eu consigo sobreviver o resto do ano com o que vendo durante a Flip. Se não existisse o evento, não conseguiria sobreviver do lucro das livrarias. Só de observar as vendas é possível dizer que chega a triplicar ou mais. Depois da Flip, o movimento é bem devagar".
Alguns empresários investiram no comércio de produtos característicos da cidade e vêm colhendo os frutos dessa aposta. Paulo Eduardo Gama Miranda, proprietário de três lojas de cachaça, não se arrepende. Nas prateleiras é possível encontrar cachaças baratas, que custam R$ 8, até verdadeiras relíquias, como uma bebida produzida em Paraty que é vendida a R$ 1.100. As cachaças de qualidade conhecidas pelo público variam entre R$ 70 e R$ 500.
"É um bom negócio por ser um produto tradicional de Paraty. As pessoas vêm, provam, aprovam e levam para tomar ou para presentear. A Flip hoje salva o mês, é o maior e melhor evento de Paraty sem dúvida, e as pessoas que vêm têm mais informação e gostam de comprar cachaça de qualidade".
Quem não tem um espaço físico definido, não deixa de aproveitar a viabilidade econômica do evento. Nas ruas, é possível ver muitos vendedores com carrinhos de doces, como Wanderson Lopes, que tira 25% sobre tudo o que vende e tem que enfrentar a concorrência. "Durante a Flip, trabalho todos os dias. Vendo bastante, mas antes vendia mais. Agora tem mais carrinhos do que no ano passado, quando eram dez. Hoje são 14 carrinhos de doces nas ruas. O predileto é o quebra-queixo e o cuscuz".
Já a artesã Cláudia Valéria Marcondes Freitas, que vende colares e brincos em uma barraquinha montada na rua de acesso ao centro histórico de Paraty, acredita que mesmo com toda a concorrência, a Flip é a melhor data para as vendas, "melhor do que o réveillon, outra data que atrai muitas pessoas à cidade".
"É fora do comum a quantidade de gente que chega para a Flip. Paraty é o lugar que tem mais artesãos por metro quadrado e ainda vêm muitos artistas de fora que querem vender produtos, mas acaba que todo mundo consegue ganhar o seu dinheirinho nesta festa."