Uma série de más notícias econômicas desabam sobre a presidência de Barack Obama que, além disso, perdeu, de um só golpe, dois assessores do goberno na área, a menos de três meses das eleições de metade do mandato.
Afastado apenas o pesadelo da mancha de petróleo no Golfo do México nesta semana, a situação econômica sempre preocupante dos Estados Unidos volta a aparecer para a equipe democrata no poder, sob o risco de ocultar as conquistas em outros assuntos.
As cifras publicadas hoje (6/8) mostraram que o país perdeu 131 mil empregos em julho, bem mais que o previsto. A taxa de desemprego se estabilizou em 9,5%, historicamente a mais elevada após a recessão de 2008-2009 que custou mais de oito milhões de empregos.
Mesmo se os Estados Unidos tenham registrado crescimento num período de um ano, ele ainda é frágil, de 2,4% no segundo trimestre.
A Casa Branca afastou a possibilidade de uma recaída na recessão, mas numerosos economistas advertem contra anos de estagnação econômica e desemprego elevado, comparáveis aos conhecidos pelo Japão nos anos noventa.
Insistindo sobre raros sinais positivos de um quadro globalmente desfavorável, Obama destacou nesta sexta-feira que o emprego vem "crescendo no setor privado há sete meses". Mas, para a própria presidência, esse crescimento não é "suficiente para reduzir a taxa de desemprego".
"A recessão na qual poderemos retornar, foi a mais grave desde a Grande Depressão" dos anos trinta, lembrou Obama. "Sabemos, também, que sair de uma recessão leva tempo", explicou o presidente, para quem "o caminho da retomada não é uma linha reta".
"Para os trabalhadores, as famílias e as pequenas empresas dos Estados Unidos, o progresso deveria chegar mais rápido", admitiu, apelando novamente ao Congresso a adotar medidas voltadas para estimular as contratações, bem mais modestas que os maciços US$ 787 bilhões da primavera de 2009.
Mas os parlamentares, que precisam da aprovação ao plano congelado, estão desde ontem em recesso de cinco semanas. Na melhor das hipóteses, as medidas poderiam, então, ser votadas em meados de setembro.
É preciso destacar que os parlamentares estarão, nessa época, voltados inteiramente à campanha eleitoral do início de novembro, um pleito que deve renovar um terço das cadeiras do Senado e o conjunto da Câmara de Representantes, atualmente controladas pelos democratas.
A oposição republicana, de uma minoria armada de bloqueio no Senado, não está disposta a dar qualquer presente a Obama, acusado de afundar o déficit e adotar uma política ineficaz para retomar o emprego.
Poderá, também, explorar duas defecções de peso na equipe econômica presidencial: após a saída anunciada no fim de junho do diretor de Orçamento da Casa Branca, Peter Orszag, desta vez foi a principal assessora de economia de Obama, Christina Romer, que preferiu voltar a se dedicar ao ensino, como afirmou ontem.
Ante a adversidade, Obama entrou também na campanha. Multiplica os deslocamentos fora de Washington para mobilizar os democratas e defender as conquistas: a reforma do seguro-saúde, a regulação das atividades de Wall Street e o resgate da indústria automotiva - sinônimo, segundo ele, de um milhão de empregos salvos.