A corrente de comércio de serviços do Brasil com outros países alcançou US$ 73,2 bilhões em 2009. O setor foi responsável pela geração de 70% dos empregos formais no país e respondeu por 68,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no ano. Os dados constam do estudo ;Panorama de Comércio Internacional de Serviços;, apresentado ontem pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Esta é a primeira vez que é divulgada a dimensão desse mercado no Brasil, que vem atraindo a atenção de países desenvolvidos cujas economias se enfraqueceram após a crise financeira internacional.
O setor de serviços está entre as cartas na manga que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá na Presidência do Mercosul, posição que assumiu esta semana na reunião de cúpula ocorrida na província argentina de San Juan. Lula, que deseja fechar um acordo comercial com a União Europeia até o fim de seu mandato, já manifestou sua disposição de convencer os parceiros do bloco regional a negociarem a abertura dos setores de serviços e de compras governamentais, caso os europeus recuem nos subsídios aos agricultores.
A diplomacia brasileira faz uma avaliação de que a necessidade de diversificação de mercados gerada pela própria crise financeira internacional pode fazer com que os países do bloco europeu tornem-se mais flexíveis nas conversações.
Nesse sentido, o fato de o Brasil ter dimensionado o tamanho desse mercado é uma medida importante, porque fica agora quantificado um potencial que já se sabia ser grande, mas que não era representado em cifras, o que tornava mais difícil qualquer processo de negociação.
A implementação do Sistema de Comércio e Serviços (Siscoserv), banco de processamento de dados que permitirá o acompanhamento do setor de serviços, está prevista para o mês que vem. No entanto, antes mesmo de o sistema estar em funcionamento no Brasil, sua concepção já está sendo difundida em países do Mercosul.
;Fui ao Paraguai fazer uma exposição sobre o nosso sistema e equipes do ministério também foram ao Uruguai e ao Chile;, disse ao Correio o secretário de Comércio e Serviços do MDIC, Edson Lupatini Júnior. Segundo ele, a ideia é que todos os países do bloco possuam sistemas integrados, o que auxiliará as futuras negociações no setor de serviços.
Crise
Em 2009, as exportações brasileiras de serviços somaram US$ 26,3 bilhões, enquanto as importações atingiram US$ 44,1 bilhões, resultando em um deficit de US$ 17,8 bilhões na balança do setor. As exportações de serviços caíram 8,8% no ano passado, devido à crise internacional. Segundo Lupatini Júnior, no entanto, essa queda é inferior à média mundial, que foi de 12,9%. Para este ano, o secretário prevê um crescimento de até 24% nas exportações. Os setores que lideram as vendas ao exterior do país são o comércio por atacado (exceto veículos automotores) e os serviços financeiros. Os que mais importam são os de fabricação de coque e derivados de petróleo e transporte aéreo.
Próxima safra de grãos será recorde
Luciano Pires
Em um ano com poucos desvios climáticos e alta produtividade, o Brasil deverá bater recorde na colheita de grãos. Previsões divulgadas ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que a safra ficará entre 146,4 milhões de toneladas e 147,1 milhões de toneladas, estimativas superiores ao melhor resultado já alcançado pelo país de 145 milhões de toneladas no biênio 2008/2009. A pujança do campo pode ajudar no controle da inflação ao longo dos próximos meses e em 2011.
Milho e soja acumulam saldos acima da média. Nas principais regiões agrícolas, houve ganhos de produção puxados por altos investimentos em tecnologia. A soja, carro-chefe das exportações brasileiras, encerrará o período com um total de 68 milhões de toneladas e o milho, 54 milhões de toneladas. Os números da área total plantada, tanto na pesquisa do IBGE como na da Conab, apontam que as lavouras ocupam cerca de 47 milhões de hectares.
A colheita de grãos vem sendo monitorada com atenção pelo governo. Durante o primeiro semestre de 2010, os preços dos alimentos pressionaram a inflação, motivando o Banco Central a intensificar a alta dos juros básicos (Selic) como antídoto para evitar um descontrole generalizado. As perspectivas de produção recorde amenizam os cenários pessimistas de curto e médio prazos. A colheita histórica teve como molas o crédito ofertado aos produtores, a renegociação de dívidas dos ruralistas e a manutenção das exportações agrícolas em níveis suficientes para garantir a remuneração do negócio.
O número
145 milhões de toneladas
Produção colhida no biênio 2008/2009