O secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, demitiu o coordenador de Estudos, Previsão e Análise, Victor Lampert, conhecido nos corredores da instituição como ;o Dunga da Receita; por ser gaúcho e ter se envolvido em vários bate-bocas com jornalistas, a exemplo do ex-técnico da Seleção Brasileira. A exoneração, registrada no Diário Oficial da União (DOU) como ;a pedido;, foi consequência de um episódio no qual o auditor fiscal afirmou ter sido orientado por Cartaxo a não revelar as estimativas para a arrecadação de impostos e contribuições neste ano.
Na entrevista para comentar os resultados de junho, no dia 15 do mês passado, Lampert se recusou a relacionar o ritmo de recolhimento dos tributos ao nível de atividade da economia. Pressionado por repórteres, ele foi ríspido e tentou abandonar a sala por duas vezes, sendo contido por assessores. A cena revelou o clima de tensão vivido dentro da instituição, envolvida numa série de denúncias de vazamento de informações confidenciais, quebra de sigilo fiscal e uso político dos dados.
O constrangimento obrigou Cartaxo a telefonar, no mesmo dia, aos jornalistas para se desculpar pelo destempero do auxiliar. Na ocasião, o secretário negou que tivesse orientado Lampert a esconder informações ou que tenha baixado uma lei da mordaça no órgão, proibindo avaliações da conjuntura econômica. ;Tratava-se de uma matéria técnica. Que tipo de recomendação eu poderia fazer? Não entendo o que aconteceu;, afirmou.
A repercussão negativa do caso levou a Receita a tentar esconder a dispensa. No DOU de 20 de julho, subsequente à exoneração, um novo despacho de Cartaxo designou Lampert para o cargo de julgador na Primeira Turma de delegados da Receita em Porto Alegre, sua cidade. O posto fica abaixo da Presidência da Quinta Turma de julgadores, que ele ocupava antes de ser convidado a integrar o alto escalão da instituição. A coordenação de Estudos, Previsão e Análise continua vaga. (GC)