Jornal Correio Braziliense

Economia

Telefónica compra Vivo depois de longas negociações

O grupo espanhol de telecomunicações Telefónica chegou hoje (28/7) a um acordo com a Portugal Telecom (PT) para comprar a participação na operadora brasileira Vivo por 7,5 bilhões de euros (em torno de US$ 9,75 bilhões, informaram ambas as companhias.

Simultaneamente, a PT anunciou ter adquirido uma participação de 22,38% em outra operadora celular brasileira, a Oi, por um montante de 3,7 bilhões de euros (US$ 4,8 bilhões), com a qual cumpre o objetivo de se manter no mercado do país.

Segundo um comunicado da Telefónica, transmitido à Comissão Nacional de Mercado de Valores (CNMV) de Madri, o acordo entre o grupo espanhol e a PT envolve a aquisição de "50% das ações da Brasilcel", a holding que controla 60% da Vivo. Até agora, a Telefónica tinha 50% da Brasilcel e a Portugal Telecom, outros 50%.

O conselho de administração da Portugal Telecom, reunido nesta quarta-feira em Lisboa, aprovou a venda, anunciou a companhia portuguesa em comunicado.

Na Bolsa de Lisboa, a cotação das ações da Portugal Telecom fechou em alta de 2,81%, a 8,53 euros, depois de ter disparado 6% no meio da tarde após o anúncio.

Na Bolsa de Madri, as ações da Telefónica subiram 0,71%, a 17,005 euros, em um mercado em leve baixa de 0,01%.

O acordo representa o fim de um longo combate da Telefónica, que desejava há anos tomar o controle total da Vivo. O grupo espanhol, bem estabelecido na América Latina, já tem no Brasil uma filial de telefonia fixa, a Telesp, e considera esse mercado um dos motores de crescimento.

Mas ao lançar uma primeira oferta em 6 de maio por 5,7 bilhões de euros - muito abaixo do valor da Vivo, segundo o mercado -, a Telefónica não esperava uma oposição tão forte do sócio português. Também não previa que a operação tivesse um caráter político.

Além de a PT ter rejeitado a oferta por estimar que a Vivo era um "ativo essencial", em 30 de junho o Estado português fez uso dos direitos especiais no grupo português (sob a forma de uma ação dourada) para vetar a venda.

Na época, a oferta já tinha sido melhorada duas vezes até alcançar 7,15 bilhões de euros, uma cifra que tinha convencido os acionistas da PT, que votaram 73,9% a favor da venda da Vivo em uma assembleia geral.

O governo português disse atuar para "defender os interesses estratégicos de Portugal e da Portugal Telecom", segundo o primeiro-ministro José Sócrates, mas a Corte Europeia de Justiça (CEJ) considerou poucos dias mais tarde, em 8 de julho, que esse direito de veto não se justificava.

Depois da decisão da CEJ, o governo português tinha se comprometido a "buscar soluções que preservassem os interesses nacionais".

Segundo a imprensa brasileira, um último ator político entrou na negociação: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria dado seu aval para que a PT entrasse em outra operadora local, a Oi.

A PT anunciou ter adquirido 22,38% de participação na Oi, primeiro operador de telefonia fixa na América Latina, por 3,7 bilhões de euros.

A Oi poderá adquirir "até 10% da Portugal Telecom", informou o grupo português. "Essa associação chega em meio à estratégia da Portugal Telecom de garantir seu crescimento em seus mercados estratégicos, especialmente Brasil e África", indicou a PT.