As compras parceladas com cartão de crédito estão crescendo e, com elas, o risco de inadimplência dos consumidores. Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços (Abecs), o valor das compras parceladas com juros aumentou 72%, passando de R$ 52 bilhões em 2007 para R$ 89,4 bilhões no ano passado. Em termos percentuais, as compras com juros vêm até diminuindo devido ao crescimento do faturamento com cartão, enquanto cresce o parcelamento das compras sem juros, que passou de 67% do total em 2007 para 71% no ano passado.
Diante desse quadro e também tendo em vista a pressão que o governo vem fazendo por conta das reclamações dos consumidores, a Abecs resolveu tomar uma providência: investir na educação financeira (1)dos usuários de cartão de crédito. Afinal, nada menos que 80 milhões de brasileiros possuem algum tipo de cartão, que são aceitos em 1,7 milhões de estabelecimentos por todo o país. Por essa modalidade são feitas mais de seis bilhões de transações anualmente, cujos valores superam R$ 500 bilhões.
;É um setor que cresce 20% ao ano, trazendo conveniência e comodidade ao cliente;, disse Paulo Rogério Caffarelli, presidente da entidade. Ele garante que a indústria quer melhorar a imagem que tem diante do consumidor. Para isso a entidade se comprometeu com o governo a apertar o cerco sobre os associados que não andam na linha.
Compromisso
;Vamos assinar, em agosto, um termo de compromisso com o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça;, contou. Caffarelli explicou que os grandes bancos de varejo vão assumir o compromisso de não enviar cartões para os clientes sem autorização prévia. E mais. Quando o cartão for enviado, sempre a pedido do consumidor, ele será acompanhado de um contrato sobre o uso consciente do cartão de crédito.
A mudança de atitude, segundo Caffarelli, não vai parar por aí. Na fatura do cartão de crédito vai ter um alerta sobre o crédito rotativo e as taxas de juros do financiamento, que antes vinham em letras diminutas e em local de difícil visualização pelo cliente, vão ser facilmente identificadas. ;Tudo vai estar em letra bem grande;, garantiu. O presidente da Abecs disse também que a entidade estuda cláusulas de punição para os bancos que não entrarem na linha.
Com isso, segundo Cafarelli, a Abecs espera uma redução significativa das reclamações dos consumidores nos Procons. Hoje os cartões lideram o ranking das reclamações, juntamente com as empresas telefônicas. O envio sem solicitação é uma das maiores reclamações, seguida dos juros cobrados no financiamento, que os consumidores consideram abusivos.
;Os consumidores precisam ter consciência de que o crédito rotativo é emergencial. Só deve ser usado em último caso e por pouco tempo;, disse Caffarelli. Segundo ele, para o consumidor se financiar por mais tempo existem créditos mais baratos no mercado, como, por exemplo, o consignado (com desconto em folha). Para auxiliar os consumidores no uso do cartão, a Abecs já colocou no site uma série de dicas, além de um simulador de despesas para auxiliar no controle dos gastos. Logo estará disponível uma cartilha, que será distribuída em locais de grande circulação.
1 - Campanha de esclarecimento
Os lojistas também estão no alvo da ação educativa da Abecs. Para a entidade, os comerciantes reclamam sem razão da taxa de desconto que pagam por transação. A Abecs explica que, uma vez autorizada a operação, o risco do lojista é zero. Isso significa que, mesmo que o cliente não pague, a loja recebe pela compra feita.
Orientação ao usuário
Dicas para o melhor uso do dinheiro de plástico
; Para evitar sustos, guarde e some todos os comprovantes do seu cartão. Não se esque;a das compras parceladas.
; Relacionamento virtual está na moda, mas quando você usar seu cartão para comprar pela internet, prefira sites seguros.
; Não passe aperto. Nunca comprometa todo o seu salário com as despesas do seu cartão.
; Cartão é como namorado, não se empresta. Seu cartão e sua senha são de uso pessoal e intransferível.
; Prefira sempre pagar o valor integral da fatura na data do vencimento .
; Se aquela roupa que você quer ainda não cabe no seu orçamento, programe-se para comprá-la futuramente . Nunca use o cartão como um segundo salário.
; Confira sempre a fatura com atenção e, caso não reconheça algum lançamento, avise imediatamente à central de atendimento do seu cartão.
; Gastar sem se preocupar é coisa que só acontece em filme. Na vida real, é preciso estabelecer um limite de despesas e seguir rigorosamente essa meta.
; Só recorra ao pagamento mínimo em uma emergência quando, por exemplo, você gastou a mais e não tem outra alternativa para financiar a dívida.
; Parcelar compras deve facilitar a sua vida, não complicá-la. Anote sempre as compras que você parcelou para não perder o controle de seus gastos.
; Escape dos juros para não entrar numa bola de neve. Se precisar, procure alternativas de financiamentos com juros mais baixos que os do cartão.
Fonte: Abecs