Jornal Correio Braziliense

Economia

Sete bancos europeus são reprovados no teste de estresse

Sete dos 91 grandes bancos europeus submetidos a testes de resistência foram reprovados, indicou nesta sexta-feira (23/7) o Comitê de Reguladores Europeus (CEBS), o que significa que deverão levantar recursos para reforçar sua situação financeira.

O CEBS não divulgou a lista de bancos reprovados, mas, segundo os reguladores nacionais, são o alemão Hypo Real Estate, as caixas de poupança espanholas Diada, Cajasur, Espiga, Unnim e Banca Civica, e o grego ATE (Agricultural bank of Grece).

Para satisfazer o mínimo de recursos próprios exigidos pelos testes, ou seja uma classificação "Tier One" (fundos próprios registrados em poder do banco) de 6%, faltam 3,5 bilhões de euros a esses sete estabelecimentos, indica o CEBS.

Em 2009, dez das 19 instituições dos Estados Unidos submetidas ao teste fracassaram. "As autoridades nacionais competentes estão em contato com estes bancos para informá-los sobre os resultados do teste e suas implicações, particularmente em termos de necessidade de recapitalização", completou.

A expectativa é que os governos europeus ajam rapidamente para anunciar apoio aos bancos que não passaram no teste e devem agora registrar problemas redobrados para levantar capital nos mercados financeiros.

Os governos podem fazer isso tanto diretamente como por meio de recapitalizações.

Alguns bancos já estão recebendo medidas de ajuda excepcionais pelo Banco Central Europeu (BCE), incluindo a compra de títulos públicos.

Os testes tinham como objetivo remover as nuvens de desconfiança e incerteza em relação ao real estado de muitos bancos na Europa, assim como o risco de a falta de confiança causar um efeito dominó.

Inédito

É a primeira vez que um raio-X dos maiores bancos europeus, individualmente e coletivamente, é publicado na Europa. Instituições financeiras de França, Itália e Portugal passaram no teste.

Mas as descobertas são apenas metade da história. Analistas e investidores nos mercados financeiros estão altamente hesitantes em relação ao rigor dos critérios usados para estes testes que medem a capacidade dos bancos de sobreviver a um choque.

Antes da publicação dos resultados, analistas afirmaram que a questão principal na mente dos investidores era se os testes seriam fortes o suficiente para convencer os céticos de que os bancos em questão estão realmente sólidos.

Os princípios mais amplos dos critérios são conhecidos. Mas se o mercado julgar que os detalhes dos testes foram muito fracos, os resultados podem ser ainda piores.

Se os critérios passarem no teste do mercado, então as dúvidas sobre a solvência do setor bancário europeu vão dissipar-se. Os bancos passarão a emprestar mais entre eles e, mais importante, às empresas e à economia toda. "Se os testes de estresse forem vistos como fracos, podem perder sua credibilidade e, se forem muito duros, os mercados podem se assustar, tornando a situação frágil muito pior", disse a analista Viv Jemmett, da Bell Pottinger.