Jornal Correio Braziliense

Economia

Obama aprova maior reforma financeira desde a crise de 1929

O presidente americano, Barack Obama, fez história nesta quarta-feira (21/7) ao promulgar a maior reforma financeira desde 1929, esperando evitar dessa forma que se repita uma crise devastadora como a que colocou o país à beira do abismo nos últimos três anos.

A lei, que alguns republicanos comprometeram-se a reverter, introduz novas medidas de proteção para os consumidores, reduz o poder dos grandes bancos e ataca práticas enganosas por parte das empresas de cartão de crédito.

"Com essa lei, o povo americano jamais voltará a pagar pelos erros de Wall Street. Não haverá mais resgates com dinheiro dos contribuintes", prometeu Obama ao promulgar a lei.

Com o objetivo de restaurar a confiança dos americanos na liderança econômica em tempos em que o desemprego atinge os 10%, Obama disse que a lei reparará as fraturas e abusos que geraram a crise financeira.

"Foi uma crise nascida da ausência de responsabilidades, a partir de certos setores de Wall Street até os salões de poder de Washington", disse o presidente. "Essas reformas representam a maior defesa do consumidor na história", disse Obama antes de promulgar o documento aprovado pelo Congresso na semana passada.

"Essas proteções serão aplicadas por um novo regulador que tem somente uma missão: atender as pessoas, e não os grandes bancos, os organismos de empréstimo, os investidores", acrescentou. "Isso não é bom apenas para os consumidores, é bom para a economia", segundo Obama.

A lei passou pelo Congresso com o apoio de diversos votos de republicanos, uma vez que os opositores não cessaram as tentativas de bloquear as reformas de Obama.

Líderes republicanos condenaram nesta quarta-feira a nova lei, ao afirmar que ela prejudicará o crescimento econômico e irá atenuar a capacidade de ação dos gigantes financeiros americanos.

O presidente do Comitê Nacional Republicano, Michael Steele, acusou Obama de tentar convencer os "americanos céticos de que faz tudo o que pode para baixar o desemprego".

"O presidente Obama converteu em lei um mastodonte de 2,3 mil páginas que levará consequências diversas e não intencionais para a comunidade de negócios, restringirá o crédito e criará dezenas de regras que matam o emprego".

A medida gerou críticas e elogios entre economistas e analistas, mas alguns republicanos planejam revertê-la, como o líder na Câmara dos Representantes, John Boehner. "A lei deve ser rejeitada" e substituída por "coisas com as quais podemos tapar os buracos no sistema regulatório", afirmou.

Obama, que registra recordes de impopularidade em algumas pesquisas, e enfrenta eleições legislativas de meio mandato em novembro, espera que a reforma financeira se torne popular, mas boa parte da lei, assim como a reforma da saúde aprovada em março passado, é muito complicada e demorará meses para entrar em vigor.

Por exemplo, o novo Escritório de Proteção Financeira ao Consumidor, encarregado de proteger os americanos de práticas creditícias enganosas e tarifas ocultas quando solicitam uma hipoteca ou um cartão de crédito, não entrará em vigor antes de um ano.

Em uma tentativa de destacar a ajuda que a reforma dará às classes médias, Obama promulgou a lei junto a diversas pessoas que sofreram tratamento desonesto por parte de bancos e empresas de cartão de crédito.