A mineradora Vale já completou 75% das obras necessárias para começar a produzir carvão mineral em Moçambique. A informação foi confirmada nesta terça-feira (20/7) pelo gerente-geral de Finanças da companhia, Fábio Bechara. Até agora, a empresa já investiu US$ 719 milhões (cerca de R$ 1, 2 bilhão) na fase de montagem da Mina de Moatize, na província de Tete, que começará a exportar carvão metalúrgico e térmico em junho do ano que vem. O total de investimentos deve chegar a US$ 1,3 bilhão (R$ 2,3 bilhões).
Os mercados em vista são Brasil, Europa, China, Índia e Japão, num total estimado de exportações da ordem de 1,2 milhão de toneladas de minério em 2011, com perspectiva de crescimento a partir de 2013. As reservas do minério em Moçambique são estimadas em 870 milhões de toneladas.
;Logística é uma das maiores discussões aqui;, disse Bechara, durante palestra na Conferência de Carvão de Moçambique, que reuniu em Maputo técnicos, agentes governamentais e empresários do setor. ;Não é fácil, mas é possível atingir todos os objetivos. E a Vale já está preparada para ajudar;.
Segundo ele, nenhum plano da empresa foi alterado por eventuais dificuldades na logística moçambicana de transportes, produção ou exportações. Um dos últimos gargalos solucionados, informou Bechara, foi o Porto de Nacala, onde um cais temporário foi ativado e deve atender às necessidades dos exportadores de minério por até dois anos. Dois navios cargueiros estão em construção e uma linha ferroviária está sendo readequada para transportar o carvão pelos mais de 900 quilômetros que separam a Mina de Moatize do Porto de Nacala.
A Vale começou a operar em Moatize em 2004, quando ganhou a concorrência para fazer estudos de viabilidade no local, a mais de 1,7 mil quilômetros ao norte da capital moçambicana. Em 2007, a empresa brasileira recebeu autorização de lavra e iniciou as obras de implantação da mina no ano seguinte. Antes de começar as escavações, a empresa precisou realocar 1,3 mil famílias. Só nesse processo foram gastos US$ 50 milhões. Os moradores receberam novas casas de alvenaria e telhado de zinco.
Além da mina de carvão mineral a céu aberto na província de Tete, a Vale já faz estudos preliminares para extrair fosfato e níquel em Moçambique. A empresa atua em 35 países e tem mais de 100 mil empregados. É a segunda maior mineradora do mundo e a primeira em exploração de minério de ferro.
A economia de Moçambique será muito impactada pelas exportações de carvão mineral. Só a Mina de Moatize deve gerar, entre empregos diretos e indiretos, 50 mil postos de trabalho quando estiver funcionando a plena carga. De acordo com a Vale, 90% dos funcionários são moçambicanos. O setor passará, nos próximos anos, a responder por até 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Só em impostos, o Estado moçambicano vai arrecadar o correspondente a mais de R$ 500 milhões anuais.