A disputa entre as credenciadoras de cartões de crédito, popularmente chamadas de maquininhas, começa a se acirrar depois da primeira semana de vigência das novas regras para o setor. Além de propagandas agressivas, as duas empresas dominantes do mercado anunciaram resultados semelhantes. A Redecard declarou ter realizado 2,35 milhões de operações com a bandeira Visa. A Cielo informou haver registrado 2,21 milhões de transações com a Mastercard. No meio desse embate, os comerciantes, principais clientes dessas companhias, ainda reclamam das taxas cobradas e da resistência em reduzi-las.
Os benefícios prometidos com o fim da exclusividade entre bandeiras e credenciadoras ainda não chegaram aos comerciantes e aos compradores, mas os representantes do varejo estão confiantes. ;Esse novo momento vivido pela indústria de cartões de crédito e débito é a porta de entrada para diversos benefícios na relação entre consumidor e lojista. Ajuda a estimular o aumento da concorrência entre as principais empresas do setor e tende a diminuir as tarifas cobradas;, destacou o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun.
A despeito desse otimismo, até o momento, a maior vantagem obtida pelos lojistas está na possibilidade de usar somente uma máquina, pagando apenas um aluguel para a credenciadora. Em alguns casos, como o dos aparelhos oferecidos por GetNet e Santander, a mensalidade para ter o serviço foi extinta com as novas normas ; as maquininhas passaram a ser vendidas. ;Elas já não cobram mais o aluguel;, disse o economista do SPC Fernando Sasso. ;Quanto às taxas, é uma situação irreversível. A concorrência vai levar os custos para baixo. O mercado vai dizer qual é esse preço e os comerciantes já estão conseguindo negociar.;
De volta ao serviço
Com as novas regras, pequenas empresas que não aceitavam cartões ou abandonaram a forma de pagamento em função do custo elevado de manter duas credenciadoras passaram a oferecer a opção aos clientes. José Livino, dono de uma banca de revistas na 113 Sul, tinha duas maquininhas, mas havia desistido por causa do aluguel e das altas taxas. ;Era muito caro;, justificou. Agora, com o fim da exclusividade e com os aparelhos aceitando qualquer operadora, ele voltou a aderir ao serviço. ;Não tem como um comércio sobreviver sem aceitar cartão. É a forma de pagamento preferida do cliente.;
Os representantes do comércio, porém, ainda estão cautelosos. A recomendação é para que os varejistas não assinem contratos de fidelização e tentem barganhar ao máximo com as credenciadoras. ;Tenho certeza de que esse setor vai se desenvolver de forma semelhante ao mercado de telefonia. Conforme a concorrência aumente, vão surgir várias promoções;, afirmou o presidente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro. ;As credenciadoras vão tentar manter suas fatias do mercado. Então, por enquanto, o lojista não deve aceitar contratos com prazos determinados para encerrá-lo.;