A Vale informou que concluiu acordos coletivos de cinco anos com os sindicatos United Steel Workers (USW), sindicato dos mineiros de Sudbury e Port Colborne, em Ontário, no Canadá. As negociações, que incluíram aumentos de salários e novo plano de pensão, marcaram o fim da greve que começou em julho de 2009. A expectativa é que os funcionários retornem ao trabalho entre quatro e seis semanas. Para o economista René Garcia, da Fundação Getulio Vargas (FGV), a paralisação dos trabalhadores pode ter arranhado a imagem da empresa, mas não afetou o ritmo de produção, muito menos a cotação nas bolsas de valores mundiais.
Ontem, a BM não funcionou, devido ao feriado em São Paulo. Mas no último pregão, as ações da Vale, com direito a voto, subiram 0,34%. No entanto, nos últimos 30 dias, contados a partir de 8 de julho, o papel sofreu desvalorização de 3,97% e, somente este ano, acumula perdas de 8,97%. "Mexeu muito mais o litígio com a China sobre a renegociação de contratos de longo prazo e a ameaça de bitributação do que essa greve no Canadá, país que tem um custo de exportação elevado", disse.
Dependendo da localização da mina, explicou Garcia, para transportar o minério será preciso contornar o Canal do Panamá, o que aumenta mais o custo. E destacou que problemas em apenas um país não têm impacto significativo em empresa globalizada, especialmente no momento em que os estoques estão adequados e o Brasil segue em ritmo acelerado, com previsão de crescimento de 7,5% este ano e de 5,5% em 2011.
"Os próximos quatro ou cinco anos são favoráveis para o Brasil. Não tem como não dar certo", avaliou o economista. O diretor executivo da Vale, Tito Martins, garantiu que a empresa atingiu o que precisava para a saúde de longo prazo do negócio e que espera retornar a níveis normais de produção. "Estamos muito felizes com os resultados da votação de ratificação, com mudanças no sistema de bônus existente, incluindo um limite na remuneração variável e um novo ponto de gatilho mais realístico", disse.
John Pollesel, vice-presidente de Serviços de Produção e Suporte para o Canadá Reino Unido, também declarou seu contentamento com a ratificação do acordo coletivo. "Tem sido um ano longo e difícil para todos os envolvidos, e agora é hora de se unir e focar na construção de operações fortes e sustentáveis que Sudbury e Port Colborne exigem." Alguns analistas acreditam que o balanço referente ao segundo trimestre da Vale, a ser divulgado em 29 de julho, pode trazer boas notícias e sinalizar evolução de geração de caixa, o que significará grandes lucros mais para frente.