Jornal Correio Braziliense

Economia

FMI aumenta para 4,6% o crescimento mundial, o Brasil crescerá 7,1%

O Fundo Monetário Internacional (FMI) aumentou nesta quinta-feira (8/7) para 4,6% sua perspectiva de crescimento para 2010 e descartou a possibilidade de uma nova recessão mundial, mas advertiu que a pressão criada pela dívida pública nos países europeus pode gerar desequilíbrios financeiros.

O FMI também revisou em alta o crescimento do Brasil, que ficou em 7,1%.

O crescimento mundial continuará sendo sustentável em médio prazo nos países emergentes, principalmente na Ásia e na América Latina.

A previsão mundial passou dos 4% prognosticados em abril para 4,6% em 2010 e se mantém igual em 4,3% para 2011.

A América Latina crescerá 4,8% (4% pelo prognóstico anterior) em 2010 e 4%, sem variações, em 2011. O Brasil terá um crescimento de 7,1% em 2010 (5,9%) e o México 4,5% (4,2%).

O primeiro semestre de 2010 foi melhor que o previsto, o que permitiu fazer uma revisão em alta das perspectivas.

No entanto, "os riscos em baixa aumentaram drasticamente em meio ao ressurgimento das turbulências financeiras", explica o informe.

"Neste contexto, os novos prognósticos dependem da implementação de políticas orientadas a restabelecer a confiança e a estabilidade, particularmente na zona do euro", acrescentou o informe.

"As medidas de política econômica aplicadas pelas economias avançadas deveriam centrar-se numa consolidação fiscal que inspire confiança", recomenda o estudo.

Os temores de um não pagamento da dívida por parte de algum dos países europeus com piores taxas de crescimento, principalmente a Grécia, Espanha ou Portugal, não se dissipam, apesar do apoio dos sócios mais importantes da zona euro, e do fundo de ajuda organizado pelo FMI.

"A oferta de crédito bancário poderá se reduzir devido à maior incerteza sobre a exposição do setor financeiro ao risco soberano, assim como ao aumento dos custos do financiamento, especialmente na Europa", explica o texto.

Apesar de ser partidário da austeridade, o Fundo reconhece também que "a consolidação fiscal poderá reduzir a demanda interna".

A redução dos déficits públicos empreendida pelos países europeus reduzirá em um quarto de ponto percentual o crescimento nessa zona 2011, segundo o texto.

A zona euro crescerá 1% em 2010 (sem mudanças) e 1,3% em 2011 (um quarto de ponto percentual a menos).

Esse medíocre resultado arrastará em baixa o impacto do crescimento nos Estados Unidos, previsto em 3,3% em 2010 (3,1%) e de 2,9% em 2011 (2,6%), explicou o Fundo.

Como consequência, "as principais economias emergentes da Ásia e da América Latina continuam encabeçando a recuperação", explicou o texto.

Apesar disso, "os efeitos de contágio de um crescimento negativo em relação a outros países e regiões poderão ser importantes devido aos vínculos comerciais e financeiros", recorda o Fundo.

"Os riscos em baixa se acentuaram drasticamente. Em curto prazo, o principal risco é uma escalada das tensões e o contágio financeiro, devido à crescente preocupação pelo risco soberano".

"Também existem riscos derivados da incerteza em relação às reformas regulatórias e seu impacto potencial no crédito bancário e na atividade econômica em geral".

Tudo isso pesa nas perspectivas globais e completas "a gestão macroeconômica em algumas das principais economias emergentes de rápido crescimento da Ásia e América Latina, que enfrentam alguns riscos de reaquecimento".

"As economias avançadas e emergentes de rápido crescimento podem começar agora a implementar uma política restritiva. Em algumas delas, talvez fosse preferível utilizar a política fiscal ao invés da monetária para conter as pressões da demanda", concluem os especialistas do Fundo.