O Brasil finalmente entra no mercado de consumo do automobilismo ambientalmente sustentável. Hoje, a Mercedes-Benz lança oficialmente, em São Paulo, o S400 Hybrid, um sedã de luxo com motores movidos a duas fontes de energia: a combustão, tradicional e elétrica. Juntos, eles permitem que o carro alcance 299 cavalos de potência máxima (279cv do motor a combustão e 20cv, do elétrico) e desenvolva a velocidade máxima (limitada eletronicamente) de 250km/h. O carro custará US$ 253,5 mil (R$ 460 mil).
O consumo médio do S400 Hybrid é de 11,9 km/l de gasolina ; 20% a menos na comparação com o modelo somente a gasolina. É uma marca excelente para um carro de quase 2 mil toneladas. Veículos desse porte costumam gastar entre 5km/l a 8km/l. Isso só é possível graças ao auxílio do motor elétrico no sistema.
Para ajudar ainda mais a reduzir o consumo, o modelo utiliza outras duas tecnologias: a kers, herdada da Fórmula 1, que permite que o sistema absorva energia nas frenagens e nas desacelerações e reconverta em energia para o carro; e a start stop, que desliga o motor a combustão quando o veículo está parado.
Assim, toda vez que o condutor pisa no pedal do freio em semáforos, por exemplo, o motor a gasolina é desligado, mas o carro funciona ; e ninguém percebe mudança alguma ; com a ajuda das baterias. Quando se pisa no acelerador, o motor a gasolina é acionado simultaneamente ao elétrico, consumindo-se, assim, menos combustível nas acelerações.
O S 400 Hybrid, que, por ser importado (da Alemanha) está sujeito a alíquota de 35%, emite apenas 190 gramas de C0; por quilômetro rodado e 21% menos C0; do que o Classe S 350. Para efeitos comparativos, seu irmão S 500 emite 283g/km.
;É um bom começo, mas a popularização deles deve demorar. Em relação aos exclusivamente elétricos, por exemplo, o país não tem a menor condição de recebê-los;, diz José Edison Parro, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA). Ele se refere à necessidade de um substancial aumento na geração de energia ; e na infraestrutura para seu uso ; e lembra que 40% da nossa matriz energética automobilística são baseados em biocombustíveis, um índice que qualquer país gostaria de ter.
Sob segredo
No geral, há cerca de 15 anos os carros híbridos estão presentes em mercados desenvolvidos, como Estados Unidos e Japão. Além da Mercedes-Benz, outras montadoras se movimentam para trazê-los. Mas tratam com segredo e estratégias diversas.
A Toyota, por exemplo, estudou trazer o Prius ainda este ano. Mas recuou e decidiu se dedicar mais a estudos da tecnologia bicombustível. Mas, obviamente, sua vinda não está descartada. O Prius está à venda desde 1997 no Japão e nos EUA e já desembarcou na Argentina. A General Motors estuda importar o Volt, cujas baterias garantem autonomia de 64 quilômetros. Basta conectá-lo a uma tomada e, em seis horas, está carregado novamente.
No Brasil, a preocupação com o consumo ; principalmente em relação aos carros mais populares ; é mais relacionada aos custos desembolsados. Mas o presidente da Mercedes-Benz do Brasil, Jurgen Ziegler, diz que a empresa, ao desenvolver novas tecnologias, não o faz meramente por questões econômicas. ;Temos também como foco a proteção ao meio ambiente;, garante.