Nem mesmo a Copa do Mundo de futebol, a competição mais popular do planeta, foi capaz de fazer os concurseiros tirarem folga dos estudos. Todos estão de olho nas 10,8 mil vagas disponíveis em 48 certames abertos ou previstos até o momento. A disputa por espaço no funcionalismo é tão acirrada que, até nos dias de jogos decisivos para o Brasil, as salas dos cursinhos continuam lotadas. Ontem, pouco antes da seleção canarinho enfrentar o Chile, as turmas de um preparatório da Asa Norte estavam quase cheias. A cena se repetia pela cidade e os candidatos eram unânimes em explicar o motivo da dedicação: não queriam perder uma vaga por não terem estudado o suficiente.
A maioria das turmas encerrou as atividades por volta das 13h. Os estudantes que não estavam com a camisa da Seleção Brasileira usavam as cores da bandeira nacional. A leitura de apostilas e a resolução de exercícios, para muitos, foi até o horário próximo do jogo. ;Nos outros mundiais, eu estava mais animado. Agora, estou focado nos estudos;, garantiu o estudante Alex Araújo, 31 anos. Vestido de amarelo em virtude da peleja entre Brasil e Chile que ocorreria mais tarde, Araújo disse que só para com os livros minutos antes do apito inicial da partida.
;Já estou no último módulo do curso em que me inscrevi. Depois desse mês, vou pegar matérias específicas para os concursos. Agora que estudei tanto, não posso diminuir o ritmo;, justificou. ;Mas eu paro para curtir o futebol, ninguém é de ferro. Só não dá para beber ou ficar farreando até tarde.; Ainda segundo ele, ontem, no jogo contra a seleção chilena, iria torcer pelo Brasil sozinho e em casa.
Festa versus aula
A economista Dirla Casari, 31 anos, se tornou concurseira há pouco tempo. Está com foco no certame do Ministério Público da União e trocou o emprego pelas turmas preparatórias. ;Além das quatro horas no cursinho, estudo mais quatro horas em casa. Durante os jogos da Seleção, não tem jeito, eu paro. Senão, ia ficar doida. É preciso relaxar um pouco. Acompanho a partida, mas não fico fazendo festa até tarde. O corpo e a mente sempre têm de estar descansados;, afirmou.
Para fugir do barulho das vuvuzelas que viraram moda nos bares e ruas, boa parte dos concurseiros evita ver os jogos do Brasil em locais coletivos e de muito movimento. ;Em casa, está sendo a melhor opção;, disse Alex Araújo. Ainda assim, mesmo com o clima de feriado instalado nas ruas, os mais dedicados se escondem em casa para não perder o ritmo. ;Saí de Cuiabá (MT) para Brasília, deixei meu emprego porque não queria ganhar R$ 1 mil para sempre. Passar é um projeto de vida;, disse Dirla.