O Sebrae, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) vão investir em conjunto cerca de R$ 100 milhões nos próximos três anos em projetos de gestão da inovação. Os recursos sairão de um convênio entre o Sebrae e a CNI (R$ 48 milhões) e de um edital a ser lançado na próxima semana pelo MCT no valor de cerca de R$ 50 milhões, com dinheiro do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
O anúncio dos recursos foi feito durante uma reunião do comitê de Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), na sede da CNI, em São Paulo, onde participaram integrantes do MCT e representantes de grandes indústrias do país como Natura, Grupo Ultra, CPFL, Embraer, IBM, Fiat, Klabin, entre outros.
Para o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, a inovação precisa passar pelo pequeno negócio já que ele representa 99% do total de empresas no país, mas é responsável apenas por 20% do Produto Interno Bruto (PIB). ;A baixa produtividade deste setor impacta na produtividade média da economia, atingindo as cadeias de valor. Por isso, precisamos fomentar a inovação nos pequenos empreendimentos, aumentando a competitividade e, consequentemente, a produtividade;, assinalou o diretor.
A palavra inovação carrega, segundo Santos, a idéia de que inovar é difícil, caro e que isso está restrito às universidades. ;Inovação não é moda, mas sim uma necessidade colocada pela concorrência. Com o projeto vamos mudar a forma de relacionamento da pequena indústria com este conceito;, disse.
Por meio de núcleos de inovação que serão criados nas federações das indústrias de 20 estados, o Sebrae e a CNI deverão sensibilizar 18 mil empresas. ;Cerca de 50% dessas empresas deverão seguir conosco nos cursos de capacitação. Dessas, 3,6 mil deverão chegar a fazer diagnósticos de inovação e esperamos que 2,4 mil cheguem aos planos de inovação e consigam recursos nos fundos setoriais, na lei da inovação, entre outros;, disse a gerente de Atendimento à Indústria do Sebrae, Miriam Zitz.
Desafios
Segundo o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, o Brasil possui três desafios para construir um processo de ;decolagem econômica;. Um deles é criar uma estratégia inovadora de alcance e envergadura muito maior do que o Brasil está fazendo atualmente. ;Sem isso não teremos uma base competitiva sólida. A tese da inovação é chave para o desenvolvimento futuro do país;.
Os outros, segundo ele, são subir o investimento e a poupança agregada no país e criar um sistema de financiamento doméstico privado. Ele pediu aos empresários que identifiquem oportunidades para a criação de uma política de inovação para o Brasil a longo prazo. ;É preciso levantar os problemas, mas também identificar as possibilidades de mobilização para enfrentá-los;.
Pela inovação
A exemplo do que aconteceu na década de 90, quando a indústria brasileira se mobilizou para garantir a competitividade dos produtos brasileiros com a criação do Programa Nacional da Qualidade (PNQ), o Movimento Empresarial pela Inovação, que reúne mais de 100 empresários, tem por objetivo fomentar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento e coordenar os esforços entre os setores público e privado para desenvolvimento da inovação no Brasil.
Metade de tudo o que se investe em pesquisa e desenvolvimento (P) no Brasil vem do setor privado: em 2007, as empresas aplicaram R$ 17,5 bilhões em inovação. Desse total, 76,6% (R$ 13,4 bilhões) saíram do caixa das empresas e 23,4% (R$ 4,1 bilhões) tiveram apoio governamental.
Cerca de R$ 7 bilhões entre financiamentos, recursos a fundo perdido e renúncia fiscal estão disponíveis anualmente para as empresas que querem investir em inovação e tecnologia. Grande parte desses recursos, no entanto, não são utilizados pelas empresas, principalmente pelos pequenos negócios, por desconhecimento ou por falta de acesso.