Jornal Correio Braziliense

Economia

Bancos terão que reservar mais recursos para cobrir riscos de mercado

Os bancos terão que guardar mais dinheiro para fazer frente ao risco de mercado, que advém da possibilidade de haver perdas com ações, commodities, câmbio e juros. O Banco Central (BC) publicou uma circular de acordo com as recomendações do Comitê de Basiléia, uma organização que reúne autoridades de supervisão bancária, com o objetivo de fortalecer os sistemas financeiros nos países.

Segundo o chefe do Departamento de Normas do BC, Sérgio Odilon dos Anjos, a medida é uma ;resposta regulatória à crise financeira internacional;. A nova regra levou em consideração o pior cenário possível no mercado financeiro para determinar o valor de recursos necessários para enfrentar os riscos.

De acordo com o BC, no Brasil foram avaliadas todas as crises que o país enfrentou desde a implementação do Plano Real. A maior instabilidade no mercado nesse período foi observada durante a crise financeira internacional, iniciada em 2008.

A nova regra entre em vigor no dia 1; de janeiro deste ano e será implantada gradualmente em seis meses.

No Brasil, as instituições financeiras têm uma reserva de capital, resultado de um índice que pode ser visto como a capacidade do sistema bancário de emprestar. Para cada R$ 100 emprestados aos clientes, os bancos precisam ter R$ 11 de reserva. É o chamado Índice de Basileia que exige, no mínimo, 11% de recursos.

Segundo dados de março deste ano, todo esse capital correspondente ao índice chega a R$ 264 bilhões. Com a nova regra, mantidas as condições de março deste ano, o valor subiria para R$ 279 bilhões.

Entretanto, no Brasil, os bancos estão com uma reserva maior do que o mínimo exigido. O percentual está em 18,29% (R$ 438 bilhões). Com a nova regra, o percentual atual, de 18,29%, cairá para 17%, o que ainda está acima do exigido (11%). Odilon informou que continuará existindo a exigência de no mínimo 11%, mas ;esse percentual passará a representar um valor maior;, devido a mudanças no cálculo.

Odilon afirmou que a nova regra não reduz a capacidade dos bancos de emprestar dinheiro, ;dada a folga que têm para operar;. Segundo ele, atualmente não há nenhuma instituição que esteja com nível abaixo do exigido.