TORONTO - As posições dos países emergentes foram totalmente contempladas na declaração final da cúpula do G20, em Toronto (Canadá), que deu prioridade ao crescimento e à regulamentação do sistema financeiro, declarou este domingo (27/6) o ministro da Fazenda e chefe da delegação brasileira, Guido Mantega.
"Os países emergentes foram plenamente contemplados no comunicado, nossas posições estão todas lá", disse Mantega, durante entrevista coletiva ao fim do encontro do G20, grupo que reúne países do mundo desenvolvido e os principais emergentes.
A quarta reunião de cúpula do G20 reiterou seu compromisso com a recuperação da economia, que chamou de "desigual e frágil", segundo a declaração final, divulgada ao fim de dois dias de conversações de líderes do G20.
"A questão eram as prioridades, nós temíamos que os países (desenvolvidos) impusessem uma desativação dos estímulos" econômicos, avaliou Guido Mantega.
"Outra coisa que queríamos", afirmou Mantega, "era avançar na regulamentação do sistema financeiro, e foi aceito que em Seul (sede da próxima cúpula do G20, em novembro), aprovaremos a regulamentação".
A declaração de Toronto "foi aprovada com forte apoio dos Estados Unidos", destacou o ministro.
Segundo a declaração final, a taxa bancária, que os países europeus queriam que fosse aprovada ao nível mundial, poderá ser considerada pelos países-membros do grupo como forma de compensar os gastos públicos efetuados por governos para resgatar seus bancos, ameaçados de quebra com o agravamento da crise mundial, no fim de 2008.
"Há uma vontade dos países (desenvolvidos), principalmente Grã-Bretanha, França e Alemanha, (e) nós não nos opomos" de que se aplique nos países que quiserem", acrescentou Mantega.
Mantega criticou, ao contrário, a postura americana no tema comercial.
A Declaração de Toronto reitera o compromisso com a Rodada de liberalização comercial de Doha, mas segundo Mantega, o presidente Barack Obama deixou claro que "tinha resistências políticas" em seu país para avançar na questão.
"O presidente Obama deixou muito claro que não concorda com o objetivo que está estabelecido, disse explicitamente que tem resistências políticas" e propôs abrir discussões sobre o setor de serviços, informou.
"Aí, eu falei: as medidas (de negociação comercial) são resultado de uma discussão de nove anos, se introduzirmos novos elementos, corremos o risco de não chegar" à conclusão da Rodada de Doha, iniciada em 2001, advertiu.