O volume de dinheiro que os bancos têm para emprestar ao público vai diminuir. O Banco Central decidiu, ontem, aumentar gradualmente os depósitos compulsórios sobre depósitos à vista, hoje em 42%, para o nível de antes da crise financeira mundial, que era de 45%. Os compulsórios são recursos que as instituições financeiras são obrigadas a deixar nos cofres do BC. No caso dos depósitos à vista, os recolhimentos devem ser feitos em espécie e não são remunerados. O primeiro ajuste, que ocorrerá no próximo 7 de julho, implicará na retirada extra de R$ 1,6 bilhão da economia, com a alíquota subindo para 43%. Atualmente, os compulsórios sobre depósitos à vista somam R$ 59,7 bilhões.
O aumento do compulsório deverá contribuir para frear um pouco o superaquecimento da economia que, mesmo com a alta da taxa básica de juros (Selic), de 8,75% para 10,25% ao ano, e o fim dos incentivos fiscais, não dá sinal de arrefecimento. Na avaliação do BC, ao retirar dinheiro dos bancos, o crédito tenderá a diminuir e os custos dos empréstimos e financiamentos, a subirem. Recentemente, o BC havia mudado as regras dos compulsórios, tomando de volta RS$ 71 bilhões dos R$ 100 bilhões que tinha injetado na economia no auge da crise internacional, no fim de 2008. Segundo o BC, a alíquota dos compulsórios subirá gradualmente. Em julho de 2012, passará para 44% e, em julho de 2014, para 45%.
Ao mesmo tempo em que sobe o compulsório, o BC diminui o percentual de exigibilidade de aplicação de recursos em crédito rural. O dinheiro que deve ser aplicado obrigatoriamente em financiamentos agrícolas tinha subido durante a crise devido à dificuldade para empréstimos por todo o setor produtivo. A alíquota tradicional de 25% tinha sido elevada para 30% no início de 2009.
Em julho, o percentual dos depósitos à vista que deve ser direcionado para o financiamento da atividade rural cai para 29%. A partir daí, o índice será reduzido em um ponto percentual a cada ano, terminando em 25% em julho de 2014. O BC não acredita que a medida traga prejuízo ao produtor rural. No período em questão os depósitos à vista nos bancos subiram de R$ 122,14 bilhões (média dos saldos diários em janeiro de 2009) para R$ 134,17 bilhões (média dos saldos diários em 31 de maio).
Os depósitos compulsórios são um instrumento de política monetária usado pelo Banco Central para enxugar ou aumentar o volume de recursos disponíveis na economia. Quando o BC quer aumentar o total de dinheiro em circulação e ampliar a oferta de crédito, diminui os recolhimentos. Quando quer enxugar a liquidez, exige mais depósitos dos bancos .
Além dos depósitos à vista, sofrem recolhimentos obrigatórios no BC os depósitos a prazo e, de 15%, e os de poupança, de 20%. No total, como também existem exigibilidades adicionais, o dinheiro recolhido pelos bancos no BC a título de compulsórios atinge R$ 275,5 bilhões (dados do final de maio).
O número
R$ 71 bilhões
Total de recursos devolvidos pelos bancos ao BC depois da crise cambial