Jornal Correio Braziliense

Economia

Retomada da construção de Angra 3 exige mão de obra qualificada

A retomada da construção da Usina Nuclear Angra 3 abre perspectivas de aumento da geração de emprego qualificado no Rio de Janeiro, disse hoje (18) o vice-presidente da seção latino-americana da Sociedade Nuclear Americana (LAS/ANS), Odilon Antonio Marcuzzo. Segundo ele, a exploração de energia nuclear movimenta outras áreas, como as de transporte, metalurgia e da construção civil.

De acordo com Marcuzzo, a retomada dessa atividade provoca uma grande procura por mão de obra mais qualificada, principalmente no setor de engenharia civil. Ainda segundo ele, o estado de Rio de Janeiro tem condições de formar profissionais para atender a área de energia nuclear, porque abriga

uma série de instituições de qualificação de recursos humanos nos mais variados níveis.

A partir da próxima terça-feira (22), a LAS/ANS realiza, no Rio, seu simpósio anual, cujo principal tema será o combustível nuclear. Durante o encontro, serão discutidos os programas nucleares da América Latina, as novas tecnologias, as salvaguardas do ciclo do combustível nuclear no continente, materiais e processos para aplicações nucleares, destinação de rejeitos da atividade e qualificação de mão de obra para o setor.

Na avaliação de Marcuzzo, a retomada do programa nuclear brasileiro, voltado à geração de energia elétrica, reforça a necessidade de uso dessa fonte para fins pacíficos. ;O Brasil e toda a América do Sul têm uma tradição de mais de 40 anos de uso pacífico da energia nuclear. O Tratado de Tlatelolco, firmado em 1967, definiu a América Latina e o Caribe como a primeira região não nuclearizada do mundo, em termos de utilização da energia nuclear para fins bélicos. ;Ela é nuclearmente desarmada por um tratado da década de 60.;

O cenário nuclear é promissor na América Latina, assinalou Marcuzzo. No Brasil, além de Angra 3, há a possibilidade de construção de pelo menos quatro novas centrais. O programa nuclear envolve também o ciclo de combustível, com o enriquecimento de urânio por meio da tecnologia de ultracentrífugas, e o desenvolvimento de um reator especial para a produção de radioisótopos.