O Brasil figura junto com China, Rússia, Índia e Ucrânia entre os maiores produtores agrícolas da próxima década, segundo um informe conjunto da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE) apresentado nesta terça-feira (15/6) em Roma.
"O Brasil é o produtor agrícola com um crescimento mais rápido, e um aumento previsto de 40% até 2019", sustenta o informe ilustrado à imprensa por Jacques Diouf, diretor-geral da FAO, e pelo mexicano Angel Gurría, secretário-geral da OCDE.
O documento aponta para um crescimento da produção agrícola mundial mais lento durante a próxima em comparação com os últimos dez anos e calcula que os preços médios dos alimentos subirão entre 2010 e 2019, pelo que "persiste a preocupação" com o aumento do número de pessoas com fome no mundo.
O aumento da produção agrícola será superior a 20% na Rússia, Ucrânia, China e Índia, estima o documento "Perspectivas Agrícolas".
Para o secretário-geral da OCDE, o mexicano Angel Gurría, "o setor agrícola mostrou sua capacidade de resistência às recentes instabilidades de preço e à crise econômica".
O especialista latino-americano convidou os governos a colocarem em marcha "medidas para garantir que futuros agricultores contem com as ferramentas para enfrentar riscos futuros, como contratos de produção, sistema de seguros e mercados de futuros", disse.
Por sua vez, o diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, advertiu que "o papel dos países em desenvolvimento nos mercados internacionais cresce de forma rápida e condiciona cada vez mais o mercado mundial".
"Seu papel e contribuição às questões políticas globais é de grande importância", explicou.
Diouf lembrou que apenas 2% da população dos países desenvolvidos produz a quantidade de alimentos requerida em seus países, enquanto nos países em desenvolvimento essa porcentagem é de 60 a 80%.
O diretor-geral da FAO instou a comunidade internacional a estabelecer um código de conduta que regulamente o setor e coordene conhecimentos e atividades na luta contra a fome e a desnutrição no mundo.
A OCDE espera que o código de conduta, cujas negociações são realizadas na sede central da FAO em Roma, regulamente os investimentos, assim como o monopólio de terras e chegue a eliminar os subsídios, que alteram o mercado.
O informe reconhece que ainda "que o mundo produza o suficiente para alimentar sua população, os recentes aumentos de preços e a crise econômica contribuíram para o crescimento da fome e para a insegurança alimentar".
Segundo os dados da FAO, cerca de um bilhão de pessoas sofrem de desnutrição, o que traz a necessidade não apenas de aumentar a produção e a produtividade agrícola, mas também de "regulamentar o sistema comercial", sustentam os autores do informe.
"Se os preços dos alimentos continuarem altos de forma contínua, seguirão afetando negativamente a segurança alimentar, em especial entre a população pobre que destina uma parte importante de sua renda para comprar alimentos", explicam a FAO e a OCDE.