As variações de preços do minério de ferro influenciam a inflação, ao contrário do que afirmou na última sexta-feira (11) o presidente da mineradora Vale, Roger Agnelli, questionando a metodologia utilizada para o cálculo do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), segundo nota técnica divulgada esta tarde, no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
O IGP-M tem três componentes que são o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M), cujo peso no índice final é de 60%; o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M), com peso de 30%; e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M), peso de 10%.
A nota técnica assegura que ;é no IPA-M que estão retratados os movimentos de preços do minério de ferro. O impacto da variação de preço do minério de ferro, e de qualquer outro produto integrante do IPA-M, resulta da combinação do percentual de elevação (ou redução) deste item com o seu peso no índice. É conhecida por todos a magnitude da recente elevação do preço do minério de ferro. O que tem suscitado dúvida é o procedimento usado para ponderar os integrantes do IPA-M, o minério de ferro em particular;.
O IGP;M subiu 2,21% na primeira prévia de junho, revelando expansão de 3,14% no IPA-M, onde os produtos industriais tiveram alta de 4,16%. De acordo com a análise da FGV, uma das maiores contribuições para a aceleração da inflação no grupo matérias primas brutas foi o minério de ferro, que saiu de uma deflação de 2,67% para uma elevação de 75,25% no período pesquisado.
De acordo com os economistas do Ibre, o IPA-M reflete as variações médias dos preços obtidos pelos produtores domésticos na operação de comercialização de seus produtos. Sua ponderação é feita com base nas Contas Nacionais e nas pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relativas aos setores agropecuário e industrial, efetuadas a cada ano. A média trienal do valor das vendas do minério de ferro serve de base para o cálculo do peso do produto, ;à semelhança dos demais produtos industriais;, esclarece a nota.
Segundo o Ibre, o critério de ponderação segue padrões internacionais e, por terem como foco a produção, os pesos dos produtos avaliados não fazem distinção se eles são destinados ao consumo interno ou à exportação.
;A atualização mais recente da estrutura de ponderações do IPA-M, em vigor desde abril passado, fez corresponder a este item uma ponderação equivalente a 2,5876 de um total de 100. A multiplicação deste fator pelo percentual de reajuste é a medida do impacto do aumento de preço do minério de ferro sobre o IPA-M;, explica a nota técnica.
Acrescenta, ainda, que as ponderações do IPA-M serão atualizadas de dois em dois anos, de modo a poder apresentar um retrato fiel da estrutura da economia nacional.