O novo primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, alertou nesta sexta-feira (11/6) para o risco que sofre a economia do país por causa de sua gigantesca dívida, a maior do mundo industrializado, e defendeu uma ampla reforma fiscal.
"Nossas finanças públicas são as piores entre os países desenvolvidos. É difícil continuar levando avante políticas orçamentárias que dependam majoritariamente da emissão de bonos do Tesouro", advertiu Kan em seu primeiro discurso de política geral ante o Parlamento.
Segundo ele, se o país continuar "emitindo novas obrigações no nível atual, a dívida superará os 200% do Produto Interno Bruto daqui alguns anos".
Kan insistiu que é inevitável que seu país implemente uma vasta reforma do sistema fiscal para reduzir para reduzir seu déficit orçamentário. "É inevitável lançar agora uma reforma fundamental de nosso sistema fiscal", insistiu o novo chefe do governo durante seu discurso de política geral ante o Parlamento.
[SAIBAMAIS]Segundo Kan, também é indispensável uma redução do gasto público e uma estratégia de crescimento econômico sólido para aumentar o volume das rendas fiscais e sanear as finanças públicas.
O Japão tem uma dívida pública de cerca de 200% de seu PIB, a pior proporção dos países industrializados. Para cobrir seu orçamento 2009-2010, teve que emitir obrigações num total superior a de suas rendas fiscais, pela primeira vez desde 1946.
Mais de 93% dos credores do Estado japonês são instituições financeiras, empresas e particulares locais, o que, a priori, reduz o perigo de falência do país. "Como se viu com os problemas na zona euro provocados pela Grécia, existe um risco de falência se não fizermos nada contra o aumento da dívida pública e, em consequência, perdemos a confiança dos mercados de obrigações", enfatizou o novo chefe de Governo de centro-esquerda, designado pelo parlamento há uma semana.
Ele reconheceu que é difícil resolver este problema da noite para o dia.
Para isso, convidou os movimentos de oposição a participar em um "debate nacional, superando as barreiras dos partidos".
Também destacou que é indispensável reduzir os gastos supérfluos do Estado e estabelecer uma estratégia de crescimento sólido, para aumentar o volume de rendas fiscais, e sanear assim as finanças públicas. Concretamente, para os próximos dez anos, estabeleceu um objetivo de crescimento médio do PIB de 2% anual.